terça-feira, 19 de maio de 2009

O início de história com Ceres

Segunda Parte

Para minha surpresa aquele pequeno ser começou a me seguir. Claro que não dei atenção, achei que não era comigo, afinal sou tão abstrato e insignificante, não tenho nada, e nem tenho forma alguma. Até aquele momento nada e nem ninguém tinha me visto, me dado atenção, mas para minha surpresa era comigo sim. Ela perguntava, andando rápido atrás de mim, como era meu nome. E agora? Meu nome? Eu nunca tinha pensado nisso. Ter um nome era algo muito estranho, é como dar um nome a quem não é nada. E o mais estranho afinal, como eu podia me comunicar com ela?

E então ela me disse que eu não precisava ficar tão agitado e com tantas duvidas, dizia ela: "Dúvida são parte da vida!". Vida mas o que é vida? Nossa, eu não conseguia entender nada. Como ela me via ou me sentia? Sei lá. O fato é que ela me sentia. Disse-me isso.Disse-me também que seu nome era Ceres, que tinha vindo de longe, de um lugar também redondo, assim como o lugar que eu vivia. Eu vivia? Não sabia até aquele momento o que era viver. E para minha surpresa ela disse que tinha vindo da Lua.
Lá estava um pouco monótono naquela noite e ela resolveu passear num mundo azul que tinha visto lá de cima. Ela dizia tudo com uma voz tão suave que fui de certa forma me acalmando, falava para mim que eu era muito especial e pediu que eu mostrasse as coisas legais que tinham no meu mundo azul. Mas qual o meu mundo? Não tinha nem ao menos notado que ele era azul. Até aquele momento eu não sabia se eu tinha um mundo. Reticências

Marcinha Luna
outono de 2009

sábado, 9 de maio de 2009

O início de minha história com Ceres

PRIMEIRA PARTE

Encontro

Certa vez, eu que sou apenas um pensamento comum, vagava pela noite que se mantinha escura e com poucas estrelas. Era uma noite fria, o vento passava sussurrando bem baixinho, e na verdade imaginei que ele desejava me dizer alguma coisa, mas continuei meu caminho a vagar. Vagava sem imaginar nada, me sentia completamente vazio, vazio de sensações, vazio de desejos, vazio de pensar.

Eu era algo completo em mim mesmo, apenas sabia que estava de noite, que não tinha estrelas e que talvez a lua se encontrasse em sua fase nova, pois não dava o ar de sua graça no céu. Foi então que o vento sussurrou ainda mais forte, praticamente gritando enquanto passava por mim, senti um arrepio, uma forte energia, e continuei a vagar como estava fazendo. Mas não conseguia esquecer daquela sensação, eu não era acostumado a ter sensações. Continuei a vagar, e a noite foi desaparecendo quando os primeiros raios de sol começaram a surgir.

O dia apareceu, o vento sumiu. O calor apareceu e o frio sumiu. Mas algo apareceu em minha frente, uma menina, fita de cetim vermelha com laço nos cabelos longos e negros. Seus olhos eram também negros e pareciam bolinhas de gude, como eram redondos... Suas sobrancelhas eram perfeitas, mas em sua feição pude notar que parecia um pouco assustada... Mas isso só durou alguns instantes, pois logo um belo sorriso de menina-mulher se desenhou em seu rosto. Pálida e meiga. Assim era aquela figura que surgiu em meu caminho enquanto eu vagava. RETICÊNCIAS

Marcinha Luna

outono de 2009