sexta-feira, 9 de abril de 2010

Um Momento...

Há algum tempo Ceres já não escreve mais nada. Acredito eu que ela passa por momento em que esta conhecendo a si própria, claro que tardiamente.
Mas nesta noite, fria e de Lua minguante, Ceres fez como antigamente sempre fazia, escreveu uma carta. Eu não sei na verdade alguma coisa a perturbou durante o dia ou durante a noite, sei que num papel rosa, sentindo e observando as fadas do ar que saiam da fumaça do incenso de camomila que sobre a mesa estava aceso, com caneta lilás escreveu as seguintes linhas :

Boa noite meu Caro.

Faz tempo que o sol não me aquece. A chuva e sol ficam a bailar no céu, e claro nos tempo de outono o frio domina a luz do sol e com isso a umidade da chuva não deixa o sol aquecer nada e nem ninguém.
Estou me sentindo como o sol. Apareço, mas não consigo colocar em ordem a minha vontade. Estou me sentindo prisioneira em uma redoma que eu mesma criei, a redoma de vidro.
A minha única vontade é viver afastada de tudo. Não estou com vontade de conversar com ninguém. Ontem fiquei muito triste. Mas de fato entendo e a filosofia me ajuda nesse sentido a entender muita coisa.

Ontem, como a muito eu não sentia, não consegui saber qual era o meu real sentimento, de amor ou de ódio,não sei sou boa ou má, não sei se aos olhos do senso comum sou bruxa ou fada, ou quem sabe ainda, ambas as coisas. Na verdade agora colocando as letras no papel, me parece que o ódio domina meu peito. Sei que sou mais do que isso que sinto, mas estou confusa.
Como é ruim não conseguir saber, dizer, descrever o que sinto dentro de mim!
Mas é claro que não culpo nada e ninguém por isso, mas lá no fundo do coração gostaria que se sentisse mal por ter feito o que acho que você fez. Compreenda que é muito dificil tentar enganar alguém com o dom que tenho, e lá no fundo, sabes que tenho!
O que sei de verdade é que você não é inteligente o suficiente para entender seus feitos e desfeitos, quem dirá os meus sentimentos! Como sou tola!

O que sei na verdade que agora eu sinto dó de você por você ser esta criatura que és, sem direção, sem coração, ou a inda podemos piorar todas estas características, seu sem emoção!
Felizmente agora eu sinto frio, a noite grita lá fora as nuvens cobre a pouca luz que a lua pode oferecer, assim como suas atitudes pensadas fazem com os meus sentimentos.
Não, eu não estou com raiva de você, imagine! Sou mais do que o seu olho pode ver e não é sua culpa o que a minha projeção faz de você, ou que eu como sou quer que você seja.

Fique em paz, assim também tento Eu.


E com o cheiro adocicado da camomila dominando o ar lilás, Ceres terminou de escrever e adormeceu muito rapidamente como se não sentisse mais o que antes sentia, talvez devido ao uso do papel rosa, que significa magicamente amor universal e nele descarregou todos os maus sentimentos.

Márcia Alcântara
Outono de 2010