segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Mais um escrito

Hoje o dia parecia que ia ser sem graça, a Lua já não havia dado o ar da graça e ao amanhecer o sol nem se quer a apareceu, mas encontrei um escrito de Ceres sobre a cama, que encoberto pelos edredons floridos, exalava um perfume indescritível. Eu não consegui entender tudo, parece conter alguns códigos que não pude decifrar, mas reproduzo fielmente tudo o que estava escrito e desenhado:

Bom dia como se diz aqui na Terra, e meu sentir como sentimos por ai.

Por aqui ainda não se perdeu a mania de dar matéria aos sentimentos através das palavras, espero que por ai não tenha se perdido a gostosa maneira de sentirmos na pele todo e qualquer tipo de sentimento, espero que o poder do abraço e magia do beijo ainda sejam presentes, por aqui, tudo isso é mau visto, ou simplesmente mal interpretado.

Desculpe meu jeito de escrever, mas por aqui estou á tanto tempo, que já adquiri a maneira terráquea de escrever, mas uma coisa você pode ficar tranqüilo, não adquiri, daqui, a maneira estúpida de sentir, ainda sinto como se estivesse ai... E por isso escrevo esta carta agora.

Estou com saudades, e necessitava de escrever, uma vez que você não esta aqui para me olhar e sentir comigo o que sinto agora. Perfumei esta carta com jabuticabas frescas e colocarei no lacre, sementes de morangos. Escrevi na cor lilás, para que saibas que encontrei o ar lilás que tinha perdido e quero agradece-lhe por ter me mandado o mapa em meus sonhos.

Sinto tanto a sua falta, ou melhor, sinto tanta falta daí... Aqui é tudo muito estranho e esquisito. Estou um tanto quanto cansada de tentar ser o que não sou, e olha que mesmo assim, fazendo de tudo para que seja uma cópia dos daqui, eles não me entendem, imagina eu assumindo minha verdadeira identidade. Seria a pior estupidez minha.

Ah! Aqui tem tanta beleza assim como ai, mas aqui não é admirada como deveria. Estou com muitas saudades, e assim que conseguir irei de volta, não quero mais ficar aqui, entendo que minha curiosidade e vontade do novo fez com que eu viesse parar aqui, mas quem nunca erra? Sei que foi minha culpa ter vindo parar neste lugar, mas todos aqui são tão atraentes que me deixei levar por palavras, pensei que estas eram interessantes que eu pudesse aprender e levar para ai todo esse aprendizado, mas errei, eu sei que errei. Hoje existe dificuldade até mesmo para que eu possa falar com você. Foi sorte, como diz por aqui, e pura magia como se diz ai, você ter aprendido a ler e dar sentimento ao que escrevo.

Como eu disse, sinta em minhas palavras o doce azedo das jabuticabas e o tempero das sementes de morango, respiro o ar lilás e mando para ti meu beijo e meu abraço tocando forte sua pele e escutando as batidas do seu coração quando meu corpo toca o seu... Saudades como se diz aqui e inefável, pois ai é puro sentir.

Ceres.
Foi o que encontrei nesse dia chuvoso de verão de 2011.
Márcia Alcântara.