terça-feira, 17 de agosto de 2010

Primeira parte: Um dia do dia-a-dia

Segunda-feira, Ceres acordou pela manhã, cansada por não ter conseguido dormir a noite. Anda pensando além a conta. Depois de um final de semana turbulento, as coisas estavam todas na sua frente por fazer, e ainda mais dar conta de tudo o que pensa sem parar. Fazia muito frio, e isso a deixou mais nervosa ainda.

No inicio do final de semana o pequenino Tales acordou com um dos olhos remelado por demais. E então desde ai Ceres saiu de seu eixo central. Já não é comum ela estar alinhada.

Passou todo o final de semana longe do aconchego de seu lar, voltando apenas a noite para dormir, ou ao menos tentar. Mas não teve nenhuma reação mais rude, ou turbulenta exteriorizada, tudo estava interiorizado, porém desorganizado.

Ao levantar-se nesta manhã, resolveu então levar o pequeno Tales ao oftalmologista para verificar qual o problema de seus olhos. Mas no caminho, varias coisas pareciam estar do lado contrário do qual Ceres gostaria de manter, a calma.

Ceres não sabe estacionar ainda, até guia com destreza, mas estacionar não é o forte, aliás, ela não sabe, essa é a verdade. Ao sair de casa planejou para que tudo desse certo, mas planejar não é a certeza de ser, e disso Ceres se esqueceu completamente. Durante a pirraça sem sentido de Tales, Ceres o enfiou na cadeirinha do automóvel e deu jeito para que calasse a boca. Durante o percurso até o local, Ceres imaginava já a vaga em que iria enfiar o carro. Bomba! O estacionamento estava fechado para reforma! Ceres já se desconcertou, um pouco mais. Lembra a história do gato que vai perdendo as vidas, enfraquecendo. Logo quando voltou a si, instantes depois, mesmo por que ela não podia se demorar, afinal tinha outros carros atrás, não bastou tanto até que encontrou um novo lugar, e este melhor ainda, pois havia manobrista no local. Mas, cega, Ceres não pode ver este lado bom.

Ao chegar ao local, um prédio de 13 andares, que para ajudar no desconcerto da manhã, o elevador era mais barulhento do que trem de carga. Tales é claro já começou a se desconcertar assim como a mãe.

Continua....

Márcia Alcântara
Manhã de inverno 2010

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O pão

Ceres é uma pessoa que acredita muito nas eras passadas. Talvez ela se identifique com o que dizem a respeito eras pagãs. O fato é que ela gosta tanto a ponto de ter parecido viver ou fazer parte daquela época até mesmo hoje.

Dançando suavemente, com um incenso de hortelã aceso perfumando o Ar, uma vela azul a reverenciar os elementais do Fogo, uma taça octogonal indicando a presença da Deusa das Águas, e frutas e pãos reverenciando a grande Mãe Terra em meio ao um circulo mágico traçado mentalmente, Ceres parecia estar em outro plano, leve parecia ser ou estar, não sei ao certo.

Uma espécie de mantra era recitado durante as voltas dadas por Ceres em seu circulo mágico invisível: “ a deusa canta em todas as coisas a canção da beleza”, “abençoados os que dançam juntos, abençoados os que dançam sós...”, "mãe Terra me leva sempre criança, mãe Terra me leva de volta para o mar" “somos o sonho e o sonhador”.

Terminado o recital de Ceres, onde ela parecia agradecer por tudo o que lhe foi oportuno vivenciar, ela degustou algumas frutas, dentre elas morango, embebeceu os lábios com vinho doce, comeu um pedaço do pão de orégano feito por ela mesmo horas antes de sua estranha atuação.

Segue a receita do pão que Ceres degustou:

Pão de Liquidificador com orégano

3 xícaras de leite morno
2 tabletes de fermento
2 ovos
1 colher rasa de sal
1 colher rasa de açúcar
1 colher rasa de orégano
1 xícara de óleo
7 xícaras de farinha de trigo

Bater no liquidificador os ingredientes, menos a farinha, coloque em uma tigela e misture com as sete xícaras de farinha uma a uma, até soltar da colher, coloque em uma forma untada com manteiga, deixe crescer por 1 hora. Leve para assar até que fique dourado.

Coisas de Ceres...

Márcia Alcântara
Lua da colheita, 2010.