quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Tudo Escuro...

A manhã nem tinha começado acontecer quando, Ceres, começou a chorar. Com pensamentos a mil quando não se precisa, a tempestade em copo de d’água estava acontecendo.

O tempo, pior companheiro de Ceres, não passava e a sua descoberta angustiava ainda mais (imagine só, um ser que por nascença já é angustiado), parecia o fim do mundinho de Ceres.

Ceres havia acabado de descobrir um terrível erro de sua parte. Um esquecimento inacreditável tinha abalado sua vida, e tudo, tudo parecia ruir. Mil e uma besteiras passaram em sua cabeça, nada, nada a consolava.

Disparou para todos os lados, lágrimas e letras. Até que mais tarde, mas nem tão tarde assim, no tempo previsto pelo relógio e por todas as fontes, a situação foi resolvida, e não podia ter sido resolvida de forma “tão boa”. Ceres não sabe esperar!

O dia, ainda pela metade, passava normalmente para os outros, e Ceres não é os outros. Coração ainda apertado, incertezas, pressentimentos... O cair da noite, discussões nem éticas e nem não-éticas... Suco de hortelã com abacaxi. Gestão! Apagão! De pensamentos? Não, não, geral de verdade...

Mais uma vez, Ceres, me irrita com suas “especulações a respeito do que está acontecendo” AFFS... Ataque Terrorista, Fim do Mundo, os Homens de sua vida em perigo, a vida por um fio, noite sem dormir, fones do celular no ouvido, será um ataque alienígena, marciano? Ceres nada calma me faz querer que se for um ataque alienígena ou marciano, que a leve daqui, puxa vida, calma menina!

Ceres ao imaginar eu pensar isso, vai querer ir, ah então deixa isso pra lá, vai dormir! Por que eu to com sono! Daqui a pouco a luz volta, nem que seja a natural, mas volta.

Marcinha Luna
Primavera de 2009, apagão geral de 2009.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Ceres em: Rotina...

Hoje Ceres acordou cedo. Lá fora o ar lilás, tão costumeiro para Ceres, se encontrava ainda úmido. Desde ontem chovia.

Ceres se levantou, pensou por momentos em silêncio, embora muitas vezes, ela pensa em voz alta. Ao olhar a sua volta se sentiu só, sentiu o arrepio da solidão, uma angústia indizível. Mas, ainda sim, ouvia ruídos que vinham de algum lugar: o coração. Ela sentia que o ruído era tão forte, mais tão forte, que imaginou que talvez os vizinhos pudessem ouvir. - Não Ceres, eles não podem!

Ela não podia silenciar o seu coração. - Isso é a morte! E disso ela sabe muito bem, mesmo muitas vezes fingindo não saber. Ceres acredita que o tempo corre, mas penso eu que ela é quem anda devagar demais. Ela acredita que as coisas são difíceis, mas penso eu que ela é quem complica.

Ontem, Ceres acha foi um dia cruelmente ruim. Muitas tarefas novas. Eram só umas duas ou três, mas Ceres é um ser extremamente exagerado. Andou dizendo ao ar e á terra que se houvessem dias piores na vida, aquele com certeza seria um dos que estariam na lista. - Ceres, não existe essa lista!

Guiou perfeitamente em pistas lisas. Conseguiu fazer seus afazeres caseiros. Foi ao dentista e ouviu sem muito pavor o “motorzinho” que causa arrepios. Conseguiu chegar a tempo a seu compromisso noturno. Embora não estivesse “arrumada” e perfumada como sempre e todos os dias, se sentiu bem. - Ceres, beleza exterior não é nada!

O dia “cruelmente ruim” terminou, Ceres cumpriu com perfeição seus afazeres e a chuva ainda caía, Ceres já estava abraçada ao travesseiro a dormir.

Hoje é mais um dia, que começa...e que vai terminar, e um outro começar!

Marcinha Luna
Primavera Chuvosa de 2009

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Um poema Escrito por Ceres...

Em meio ao cheiro adocicado do kiwi e escrito na cor verde, completando cenário de sentires indizíveis, o ar lilás... Sem titulo econtrei este poema, endereçado a Dionísio.

Ah! eu não me lembro de dias tão felizes!
e nem ao menos dos alegres por demais!
o mundo está ficando pequeno e difícil.
Parece que estou compreendendo que o mundo
é parte de mim ou em mim por inteiro!
Vivo confusa e é cada dia mais difícil
dividir com os que julgo iguais a mim tal confusão.
Sei que sou um pouco deficiente em escrever,
e pior ainda, não consigo me fazer ser entendida,
mas a linguagem escrita não diz, não diz nada.
Ah! os dias estão virando noite!
e as noites é como se não houvesse nunca o
brilho da Lua, é como se o calor do Sol
estivesse presente na noite, escura!
É confuso, é estranho e um tanto complicado!
mas assim me sinto e assim sinto que também
És Tu, doce poeta, companheiro tão próximo de
sentires a distância!
Amo-te

De Mim,Ceres, a ti, Dionísio...

Manhã Primaveril do tempo comum de 2009

Marcinha Luna
primavera de 2009

sábado, 17 de outubro de 2009

Ceres em: Quando muito se fala...

Pois é. Como eu já disse acima, assim foi o escrito de Ceres por mim encontrado. Ao que tudo indica se trata de um escrito recente, não inventivo, real. O escrito cheirava amargo, e tinha um leve toque de lilás, assim como o ar que Ceres respira:

Quando muito se fala... castigados somos. Esse é um dos castigos que mais pago. Talvez mal pagos por isso uma nova punição logo a seguir. Punida sim, e por muito falar.

Confio muito em todos que estão a minha volta. Como sou Boba! Declaro poemas ao mar, conto meus segredos a Lua. Para a Terra planto sementes de amor, deles não recebo respostas, mas sinto que estão torcendo por mim.

Quanto ao ar não posso dizer o mesmo. Quando solto no ar o verbo, sinto como se ele me virasse as costas. Esse ar é aqueles que a minha volta estão. Falsos Lilases. Sem sentires. Com respiração pouca. A minha do contrário, lilás com toques de rosa, respiração rápida. Sinto Confiança. Pobre de mim!

Tentarei a partir de agora não ser mais castigada. Ficarei admirando de dentro de minha bola de vidro lilás rosada os fazeres do outro. Responderei quando perguntarem a mim, mas não direi nada, nada a mais do que a resposta que o outro pretende ouvir.

Cansei de não fazer o que dizem que faço e agora, prometo que farei. Enjoados de mim ficarão. Nada mais me perguntarão e assim não precisarei dizer a eles nada além do nada, nem mesmo minhas lamentações.

Ceres, primavera em que só chove do tempo considerado comum (não sei comum á quem) de 2009.

Sem nada mais a declarar, parece que Ceres encerou este escrito, e quem sabe a série de castigos.

Marcinha Luna
Primavera de 2009

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Um escrito de Ceres

Encontrei este escrito de Ceres, estava em algum lugar. Tinha um cheiro cítrico onde o ar encontrava-se alaranjado. Não direi nada mais após o final do texto. Prefiro calar-me.

Hoje...

Lá fora faz mais um dia frio. O céu sem cor, parece não ter vida, parece não ter cheiro. Me sinto agora cítrica, azeda. Os passarinhos até cantam, mas não me emocionam, e então para longe, simplesmente voam. As flores ainda encontram-se em botões. Talvez sequem antes de externar suas cores.

Sem graça. Assim vejo a tudo. Ou nada vejo. Me sinto confusa. Meu coração inchado parece não respirar. Apenas bate.

Quase tudo o que pego, escapa de minhas mãos. O que não escapa, fica sem vida e sem cor depois de elogios concedidos por mim a ela. Nada mais é como antes. Todos parecem não ser o que antes eram. Nem mesmo eu sei se sou o que era antes.

Minha vida, repleta de alegrias, em instantes fica sem graça. Culpa dos outros? Minha culpa? Talvez! Vejo os outros, todos os outros como meus parceiros. Tola! É o que sou! Apenas são os outros. Espero demais. Recebo de menos, muito menos.

Assim vou seguindo forte, fraca. Intercalando na vida, alegrias e tristezas, angústia e incertezas. Procurando o não encontrado. Encontrando o não procurado. É, nada é como eu penso que é. Me sinto agora fraca, sem combustível para levar adiante esta vida. Espero outra? Eu não sei, aliás, eu nada sei. Raios! Trovões!

Qual será o sentido de viver? Incomoda-me a pergunta. Me espanto, mas logo não tem graça. Quem tem graça para mim, não merece meu espanto. Descubro com o passar dos segundos o quão estranho é minha relação com o que se diz tão próximo.

Não o quero mais. Não quero também que saiba que penso isso de ti. Que penso isso de mim. Mas aos poucos percebi que não escapou por entre minhas mãos. Apenas perdeu sua cor, sua magia.

Lá fora faz mais um dia frio. O céu sem cor, parece não ter vida, parece não ter cheiro...

Ceres, dia nublado, primavera sem cor de 2009, de uma era que dizem comum. Á quem? Não sei. Não temos nada mais de comum.

Marcinha Luna
Primavera de 2009

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Humanos são Humanos: por Ceres

Era noite de Lua Cheia em touro quando encontrei, em meio aos lençóis perfumados e desarrumados, mais uma carta escrita por Ceres, parecia ser uma carta resposta. Desta vez esta tinha o destinatário, era Bruma, eu não conheço tal ser.

A carta tinha uma energia maravilhosa, parecia ter sido escrita com um carinho inefável, num papel dourado, a escrita era um pouco rebuscada e a tinta azul brilhante. Hoje acostumado aos modos de aqui, eu diria que a música de fundo seria Sutilmente, de tal grupo musical chamado “Skank”. O cheiro presente no ar era de jabuticaba, e sua cor era lilás.

Amada Bruma

Queria muito entender o amor dos Humanos. Estou perdida aqui por que por um deles me apaixonei. Não consigo mais saber cadê uma de minhas partes, o coração.

Fiquei muito feliz por que encontrei aqui, neste lugar, alguém como eu, você! Talvez juntas, possamos entender o que são estes Humanos que são desumanos e pouco amorosos mesmo tento muito amor para compartilhar.

Eu até considero que recebo um pouco deste amor Humano, mas como eu queria desfrutar dele não posso, estou impedida, me sinto castrada. Eu não queria abandonar nada do que aqui consegui, mas queria poder me aproximar um pouco mais de alguém, mas tal “ética moral” domina os que aqui vivem e se dizem livre.

Ah! Bruma! Amada quase Eu! O que vamos fazer para nos soltar? Será que vamos poder soltar quem amamos? E por Zeus, será que conseguiremos nos libertar? Quero voltar, não quero ficar aqui. O problema é que o amor que sinto por estes Humanos desumanos é muito grande e aqui me prende. E por mais que eu não queira, este amor esta me fazendo mau, e então sucumbo! E aqui eu continuo a “viver”, querendo o que não posso ter, alimentando amores impossíveis, desejando o bem e não sendo desejada...

Ah! Bruma, minha confidente, quase Eu! Eu ficaria escrevendo para ti por séculos, mas até mesmo papel, neste mundo, esta se esgotando, assim como parece acontecer com o amor. Nossa telepatia não funciona mais, muitas interferências estão presentes entre o Eu e Você. Mas vamos tentando levar até onde der. Espero que não seja por muito tempo, posso não resistir a duas coisas: me entregarei a estes Humanos desumanos, esquecerei que aqui onde eles vivem existe uma “ética moral”, e serei, assim como se faziam antes, queimada viva em alguma fogueira; ou então continuarei aqui, refletindo o que os Humanos querem, sendo parte pequena um padrão da vida que eles criaram, fazendo valer a “ética moral” deles, e então aos poucos esquecerei minha essência, e irá aos poucos e delicadamente aos olhos Humanos, desaparecendo, enquanto que para mim, isso será meu fim eterno.

Termino deixando para você um beijo demarcado energeticamente, sinta-o quando terminar de ler!
Cuidado todo e sempre ao sair!

Ceres

E assim termina a carta...sem mais o que dizer, me vou.

Marcinha Luna
Primavera de 2009

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Ceres em: pensamentos nas curvas do mar

Ceres andava triste. Não esperava mais nada de nada. Ao cair da tarde de um sábado agitado, Ceres recebeu um convite. Alegrou-se um pouco. Quando a Lua brilhou, ela sorriu. Esperava pelo amanhecer do dia. Mas não tinha tanta empolgação, mesmo sabendo que ia visitar o mar, passeio preferido de Ceres.

O primeiro da semana dia nasceu. Lindo. Céu azul. Ceres já sentia o cheiro perfeito do ar lilás. Vestiu-se, pentiou-se, enfeitou-se. Pelos caminhos tortuosos que levavam a imensidão do mar, o verde das matas lhe dava esperança. Lá de cima podia entender o quão tamanho e tempo, não dizem nada.

O mar, tão imenso, lá de cima se mostrava pequenino. O mar, que na imagem estava longe, estava, na verdade, a poucos minutos. Que mundo complicado, onde imagem é tudo e ao mesmo tempo nada! Vivenciando as curvas, Ceres imaginava as curvas tortuosas de seus pensamentos.

Dúvidas, medos, paixões... A vida segue a diante completamente bagunçada. E cada curva, algo novo, que desordena ainda mais os pensamentos. Ceres está confusa... O carro segue, curvas perfeitas, ar fresco em seu interior, a rádio começa a dar a entender que esta distante demais, seu som não é mais suave. Um CD começa a girar, Ceres gira junto, seus ouvidos tampam, destampam. Os vidros do carro disfarçam a beleza do Sol. E os pensamentos de Ceres não são guiados com tanta habilidade...

No mar chegou. O azul do céu era algo espetacular. A imagem do céu encontrando-se com o mar parecia uma pintura. A areia era quente, limpa e fina. Licença para apreciar tanta beleza, Ceres foi pedir. Na divisa entre a areia e o mar, Ceres acariciou a água que chegava delicadamente, acariciando seus pés. Era uma troca mútua de amor e cumplicidade. Estranho ver o que acontece com humanos e natureza. Essa troca de carinho poderia acontecer também entre humanos. Mas Ceres pensa que isso não acontece. Quando acontece Ceres pensa ser paixão, doçura, fraternidade, calor humano, cumplicidade... E com o passar do tempo... Tudo se mostra desmoralizado, ou quem sabe, desconstruido, por que Ceres ainda pretende morar no mesmo lugar, quer continuar a morar onde haja paixão, doçura, fraternidade, calor humano, cumplicidade. E então, continuar, continuar...

Ceres, Ceres...

Marcinha Luna
Primavera Chuvosa de 2009

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Ceres em: Ritual da Primavera

Hoje Chove. Mas os passarinhos ainda sim cantam. As gotas de chuva dançam lá fora, dançam pelo ar lilás. Ceres acordou com vontade de colocar equilíbrio em sua vida. Existem muitas oportunidades que Ceres deveria aproveitar, mas ela deixa passar tudo entre os dedos.

Ceres bloqueia seu corpo. Não solta no ar os verbos que gostaria. Não consegue mais equilibrar razão e emoção, a ponto de deixar seu espírito na escuridão. Vida emocional refletida num caos total. Tudo isso em troca de uma moral ou de uma ética que ela própria não acredita existir.

Hoje então, com a entrada do Sol no signo da harmonia, Libra, Ceres faz um encantamento para equilibrar seus sentires, suas vontades impossíveis. Em seu altar mágico coloca uma taça com água, representando as emoções. Um vaso de flor, representando sua estabilidade, juntamente com morangos açucarados. Um incenso de pêssego, seu preferido, representando seu espírito, seus pensamentos. Uma vela branca, junção de todas as cores, para revelar na chama seus desejos e ações. No centro do altar uma espada para cortar tudo o que lhe faz mal. Ao lado seus oráculos, representando o futuro, que será limpo e repleto de realizações.

A música de fundo é suave, seguida dos pingos da chuva no telhado. Ceres veste um manto azul claro, da cor do céu, para que o equilíbrio seja por inteiro, atingindo assim, o mental e o físico. Uma flor amarela na cabeça, representando o Sol, para que desperte a sua inteligência. Os pés descalços sobre um tapete de sisal decorado em vermelho e bege, para que atrair o equilíbrio da matéria e do espírito.

Ceres agora baila encantada pelos elementais. As fadas lhe ensinam o bailar do mundo mágico. E Ceres passa pelos portais... Um campo de flores é o que á espera. As fadas dançam e Ceres as acompanham. A vida gira no outro mundo. Aqui do outro lado tudo é festa, realização... os campos verdes se misturam com o ar lilás, o azul claro do céu, as flores amarelas e o verde das folhas... o vento é o responsável pelo bailar da natureza.

Tudo maravilhoso, regado por muita magia e delicadeza. É o que Ceres mais ama neste mundo, a magia... Ceres fecha os olhos, é hora de voltar do transe, da sensação de encantamento...antes da volta recita um verso, uma oração:

Agradeço a ti, ó grande energia
A oportunidade de me equilibrar.
Por inteiro, me dou a ti, em agradecimento...
A partir deste encontro mágico
Estarei em pleno equilíbrio
Sei o ponto exato entre
Luz e escuridão...
Sei agora ao certo a divisa
Do material e do espiritual...
Não me encontro mais perdida
Entre emoção e razão...
Durante meu bailar
Junto com o vento se foram
Todos meus problemas...
Agora sei quem sou
E hoje sei o que vou fazer...
Que assim seja e sei que assim será!

Ceres

Assim foi o ritual primaveril de Ceres para este ano do tempo comum, 2009.

Marcinha Luna
Dia de primavera 2009

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Ceres em: Nada de nada

Ceres hoje se levantou cedo. O céu lá fora esta acinzentado, o vento frio assobiava ao passar pelos ouvidos de Ceres.

Ceres sentia o corpo dolorido, uma angústia no peito, talvez reflexos de noites mal dormidas, de nada ter mastigado á dias. Ceres gostaria que o mundo se acabasse em barranco para que morresse encostada. Aliás, morrer é um assunto que anda me preocupando em Ceres, mas isso é uma outra história.

Ceres anda tendo medos. Eles até tinham passado, mas parece que voltaram, reencarnaram em novas preocupações. Como sempre digo: “Ceres e a tempestade em copo de água”. Penso que Ceres se tortura por antecipar cada curva, cada farol fechado, cada motor a sua frente. Ceres olha muito para trás, se esquece de olhar para frente.

Penso que Ceres não tem que reclamar de nada, e não é só eu que penso, pessoas ao redor dela também. Todos admiram Ceres por suas feituras e pensamentos, mas Ceres não. Ela esta sempre descontente, gostaria muito de poder ajuda-la, mas penso que ando atrapalhando. Talvez ela tenha se acostumado a viver na angústia, na solidão de pensamentos. Não escreve mais cartas, não sente mais o cheiro e nem a cor do ar. Não ouve o canto dos passarinhos, não cultiva mais com tanto carinho seu jardim. Não estuda, não quer sair de casa, não quer se arrumar, quer apenas dormir e dormir.

Enfim, espero que como as fases da Lua mudam, as fases da doce Ceres também passem, pois a sua tristeza também é a minha, sua falta de vontade também é minha, seu corpo também é meu!

Ceres, Ceres...

Marcinha Luna
Inverno de 2009

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Ceres em: Madrugada

Agora é madrugada e vejo Ceres a zanzar pela casa. Virou rotina sua perda de sono. Sonho então nem preciso falar. Faz tempo que não tem nenhum daqueles reveladores. Talvez isso seja bom.

Quando Ceres fica aflita com algo, seja o algo qualquer, até mesmo a morte da formiga no quintal, pronto, nada de dormir. Creio que agora é algo bem mais grave,mas ceres pensa em códigos, esta ficando cada dia mais difícil eu entende-la. Mas me parace que agora é algo como desejos, vontades antes não tidas.

Desde hoje a tarde ela já não estava muito bem, sua cabeça doía até quando colocava os pés no chão. E agora, na madrugada, ainda com a maldita dor, ou talvez nem tão maldita assim, ela se colocou a escrever em lilás, tristemente algumas palavras sem ouvir som algum:

Cara Lua bela no céu a brilhar,

Desde que me entendo como ser não-comum, aprecio a sua beleza inefável todas as noites. Mesmo quando não estas a brilhar, tão bela como quase todas as noites, a sinto.
De alguns tempos para cá, me vejo mais cúmplice tua do que antes, muito antes. Sabes de toda minha vida, em detalhes. Sabes de todas minhas vontades que ainda tenho em mente desfrutar. Um perigo, saudosa Lua.
Querias te fazer mais um pedido, além de todos aqueles que deposito aos pés da grande árvore, ajude-me com clareza a realizar meus desejos e vontades. Que estas sejam realizadas com muita doçura e inteligência para que eu não me magoe e não magoe o não-eu. Quero que ilumines a minha mente e auxilie meus pensamentos durante o sono.
Grande Saudosa Mãe Lua, não me desampare e não me deixes acreditar em ti só em momentos como este, onde se cai agora sobre mim um profundo desespero da alma.

Ceres

E claro depois destas linhas escritas, Ceres queimou o papel e lentamente viu a fumaça do seu pedido subir rápidos aos céus. Queimava um incenso de pêssego e uma vela rosa. Tudo isso afim deu que fosse ouvida, sentida, subsumida, pela energia da grande Lua. Mas dormir foi realmente algo que não conseguiu fazer, o incenso queimou, a vela derreteu e a fumaça sumiu no azul-prateado do ar lilás sem barulho algum...

Ceres, Ceres...

Marcinha Luna
Inverno de 2009

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Ceres em: Grave devaeio

Ceres ao ver a chuva derramar do céu pela manhã, logo devaneou. Esse devaneo mais me parecia loucura. Segue ai o escrito de Ceres, escrito com “stilo” negro, a energia eu diria cinza, quanto ao som eu não saberia dizer.

Meu Caro...

Agora chove lá fora. O céu acinzentado esconde o azul ultramarino. Nem mesmo o dourado agora consigo imaginar. Mas deixa. Este não é meu objetivo de agora.

Agora eu queria apenas acariciar seu rosto. Não queria mais, estou a fazer.
Tenho vontade de me entregar em teus braços, sei que conseguiria fazer com que eu voasse. Não precisa, deixa que eu faço sozinha, nada que ao tomar algumas gotas de vinho puro, eu não consiga. Vou rir muito é claro, ficarei eufórica e vermelha, mas é meu jeito.

Talvez você seja apenas uma ilusão. Gostaria que me dissesse palavras doces. Ah! Queria tanto ouvir seu sussurrar docemente junto a minha pele. Ah! Deixa isso. Vou saborear vagarosamente um pedaço de chocolate meio amargo.

Queria tanto sua companhia por todo o sempre. “Impossível”, essa é a palavra que ouço você dizer largamente. Eu não penso assim. Nada me é impossível.

Peço lhe um favor. Se é que pode ao menos isso fazer. Se afaste de mim antes que seja tarde. Antes que eu não mais imagine que posso acariciar seu rosto, mesmo sem sua presença. Por favor, não diga nada verbalmente, os outros podem ouvir. Me diga o que tem a dizer apenas sutilmente, magicamente. Não quero me magoar frente aos outros, afinal infelizmente eles estão ai a zanzar. Por favor, ultimo pedido meu, não me acompanhe mais, para onde vou, não preciso de você. As flores me seguiram, a cor azul ultramarino e o dourado estaram enfeitando minha ida.

Ida longínqua. Onde não quero nada, ninguém, nem você junto a mim. Quero estar só, desfrutando de mim. Quem sabe assim perceberas aqui, onde nada tem brilho, o que deixou escapar como areia por dentre os dedos.

Ceres


Terminou a escrita e continuou a olhar pela janela. Continuava a chover e o frio era estático.

Ceres, Ceres...

Marcinha Luna
Inverno de 2009

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Consuália...Festa Romana

Hoje como todos os dias ao se levantar Ceres olhou pela janela. Mesmo chovendo sentiu magia no ar. O ar era adocicado com leves amargos passageiros. Com relação ao que chamo de cor, eu diria que ela estivesse imaginando um tom de lilás e som da copas das árvores a se balançar pelo ar.

Ceres nem precisa olhar no calendário para saber qual a magia do dia. Há semanas vem aguardando por este momento mágico. Hoje é dia da festa da colheita na tradição romana. E neste caso é dia de agradecimentos, de analisar o que plantamos o que colhemos; o que esperávamos e onde nos frustramos. E Ceres com muito a dizer, escreveu uma carta para a sua Protetora Mágica, escrita com caneta lilás e com uma magia sem igual, segue as palavras de Ceres:

Minha Fada Madrinha, Mágico dia para ti.

Hoje sei o quanto se faz importante este dia. Agradeço por todas as coisas a mim acontecidas. Obrigado por sua autorização nestes últimos meses para desfrutar aqui na terra de seu mágico nome. Agradeço por todas as coisas positivas e negativas que a mim aconteceram.
Muitíssimo obrigado por fazer de mim este ser que hoje sou. Hoje me considero muito feliz, e graças á intuição que me destes de presente tempos atrás, consigo visualizar quase tudo a minha volta.
Tenho que lhe confessar, doce Fada, que às vezes me frustro. Fico triste por não conseguir visualizar alguns fatos antes de acontecer. Mas, talvez se assim fosse não aprenderia nada. Agradeço a Ti por estar sempre em meu caminho e me auxiliando em minhas colheitas. E hoje, dia tão sagrado, a ti mando meus carinhos e agradecimentos, por colocar sempre em meu caminho muitos morangos, minha fruta doce-amarga preferida. Obrigado pelos cereais de cada dia, pela magia...
Planto agora em vossos pés, a semente do amor e da bem querença, da prosperidade, da boa saúde... da harmonia e da felicidade, da irmandade.
Agradeço por me fazer amadurecer a cada dia, aprender a mais e mais a cada passar do que aqui na terra damos o nome de tempo.
Com lágrimas nos olhos termino dizendo: Obrigado por minha vida tão mágica e fantástica.

Sua afilhada
Ceres

Depois destas linhas escritas Ceres acendeu um incenso e se colocou a bailar em círculos uma dança mágica, ao som de uma música que somente seus ouvidos ouviam.

Marcinha Luna
Consuália, 2009

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Ceres em: Colorido e desbotado

Lá fora ventou durante toda noite. Ceres podia sentir o vento mesmo deitada na sua cama. Sentia o vento em seus pensamentos. O vento levava e trazia a tona alguns momentos. Tentava recorrer ao mundo da fantasia, mas a realidade lhe vinha como um raio iluminando o que ela pretendia que continuasse em trevas.

Pensamos que existem fatos bons e ruins. Ceres não pensa mais assim. Quando ela sentia que tudo era colorido, que os passarinhos cantavam e que o Sol brilhava aquecendo o que considerava perfeito, veio a tempestade. Raio, Trovões e as Trevas adentraram em seu pequeno mundo sem nem ao menos consultá-la. A Água levava embora tudo o que pensava ser belo, e então tudo descoloriu.

Durante a tempestade Ceres apenas enxergava o mal. Pensava que o quão ruim poderia ser toda uma situação que nunca tinha pensando na possibilidade do acontecimento. Acontecimentos estes que tiraram Ceres do eixo central, atrapalhando profundamente sua rotina e seus sentimentos. Acreditava que seus sentimentos estavam agora muito doentes e talvez não sobrevivessem a terrível doença que tinha adquirido.

Durante o período que os sentimentos de Ceres se encontravam em estado de quase morte, Ceres viu a luz. Percebendo que precisava ir á esse encontro, seguiu a passos lentos em direção á claridade que avistava.

Ceres encontrou na claridade sua imagem refletida. E pode compreender que nenhum acontecimento é ruim. Todos são aprendizados que temos levar em nossa vida. Vida essa que deve seguir adiante para sempre enquanto durar. Quanto às cores, elas não são vistas universalmente e igual por todos. Talvez o colorido fosse visto pelo outro como algo desbotado. E Ceres por sua vez enxergava tudo colorido demais, exagerou. Fez da realidade uma fantasia, um conto de fadas que nunca existiu.

Contos de fadas terminam sempre com final feliz. O que Ceres conseguiu foi fazer, assim como no conto de fadas, fazer da realidade também um final feliz. Agora entende que tudo é bom, é necessário a chuva para que as plantas não morram queimadas pelo Sol. Ceres agora entende que quase tudo que consideramos sólido pode derreter. Por isso aprendeu não colocar nada mais no altar de seu coração.

Ceres,Ceres...


Marcinha Luna
Manhã de vento, inverno 2009.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Asas

Segunda parte

Foi ai que Ceres pode perceber todas as coisas que pareciam conter além da clareira. Lá de cima podia ver a copa verdinha das árvores, podia ver ao longe o véu de agua que caia de cima das montanhas antes nem imaginadas, podia sentir o quão macio era o ar, e o quão úmida era as nuvens, podia sentir o frescor do Sol que aquecia as águas salgadas do mar. Lá de cima era muito fácil confundir o azul do mar com o azul do céu... Quanta coisa podia perceber. Não imaginava que dominada pelo medo do desconhecido deixara de conhecer tantas coisas.

Quando Ceres deu por si, estava de volta a clareira. O pássaro pousou levemente e Ceres colocou o pé no chão. E então aconteceu algo inusitado, estranho. Ceres aumentou de tamanho. Ela agora era muito maior que o pássaro que a levou para passear pelo ar. O pássaro, agora pequenino, pousou na mão de Ceres revelando a ela um segredo. Revelou a Ceres que por ela estar com medo de todas as coisas desconhecidas tinha se tornado pequena, tão pequena que todas as coisas podiam amedrontá-la.

Agora que Ceres tinha então conhecido o desconhecido que a amedontrava. Não sentia mais medo naquele momento. O que parecia dominar agora a grande Ceres era a curiosidade. E enquanto se punha a pensar o pássaro se foi. Ceres correu repleta de duvidas, tentando pega-lo. Não queria ficar sozinha. Ceres parou. Sentiu que estava ficando pouco a pouco menor. E então se lembrou das palavras do pássaro e engoliu o medo. Parou de diminuir. Quando deu por si estava bem próxima as árvores. Olhou para traz e podia ver o circulo que formava clareira. Ela estava nos limites do mundo que pensava antes do passeio pelo ar ser o único. Como Ceres foi ingênua ao pensar só existir aquela clareira.

Ceres respirou fundo. Colocou o pé fora do circulo que ela própria tinha imaginado ser o único e sentiu o cheiro do mato, das árvores... Quanta energia nunca sentida. Continuou a se afastar do mundo criado por ela própria, quando um canto escutou. Era um canto encantador. Um som, uma melodia tão suave... e do nada, o canto cessou. Ceres ficou atenta e pode ouvir agora um som que parecia ser as ondas do mar a quebrar na areia. Ceres ficou imaginando ser a praia que tinha avistado lá de cima.

Continuou a andar entre caule de árvores, grossos e finos. Marrons escuras e marrons claras. Conseguia ver passarinhos voando por cima da copa das árvores. Passarinhos azuis, verdes, amarelos... Mesclados. O som que pensava ser as ondas do mar a quebrar na areia havia parado. Mas o canto encantador recomeçou, quando Ceres pode ver a areia da praia sendo acariciada pela água salgada, o Sol a se por no horizonte, uma imagem realmente vale mais que mil palavras. Era tardezinha deduziu Ceres. Ceres reconhece alguns detalhes pelo aroma. E aquele aroma era o aroma do entardecer. O som, o canto aumentava. Ceres sentia que ele estava mais perto, mais perto, perto e... Ceres então avistou sobre uma pedra enorme, já dentro das águas do mar, o que parecia ser uma mulher, e parecia vir dela o canto. Cabelos na altura da cintura, negros como noite sem luar. De repente a mulher virou-se. Ceres boquiaberta mirou aquela imagem nunca vista por ela, era uma sereia...

A sereia fazia sinal para que Ceres se aproximasse, mas Ceres teve medo, receio... Foi quando começou a diminuir. Lembrou-se das palavras do pássaro. A sereia fazia sinal para que Ceres se aproximasse, ela então foi lentamente em direção a sereia que estendeu-lhe a mão. Ceres estendeu-lhe a mão também e...

Ceres, Ceres....

Marcinha Luna

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Coisas de Ceres

Hoje Ceres encontra-se com os sentires a flor da pele. Parece que se sente quente. Talvez seja o efeito da Lua passando pelo signo de áries. Acordou de maneira calma e feliz. Mesmo que lá fora o sol nada aquecesse e muito menos aparecesse, Ceres inspirou-se. Usando agora toda sua inspiração, Ceres pensa e pensa. Escreve e escreve coisas, filosóficas, que aqueçam ainda mais seu coração.

Ceres esta se sentindo forte, nada pode abatê-la neste momento. Acordou apaixonada pela vida e por tudo ao seu redor. Seu pensamento está romântico, algo tão meloso quanto a junção de peixes com touro. A Lua minguante esta aflorando em seu suor, e assim, espantando toda e qualquer má influência do passado. Passado é passado. Ceres se sente ansiosa pelo futuro. Queria que o futuro já fosse hoje!

Sua criatividade esta aguçada. Talvez devido ao bom sono que teve nesta madrugada. Mesmo dormindo tarde, Ceres acordou cedo ao ouvir os pingos da chuva em seu telhado.

Cinzento é o dia. Mas no coração de Ceres tudo se encontra cor de rosa! Gosto muito de quando Ceres se sente assim... é como se tudo desse tão certo que nunca mais nada fosse dar errado, e analisando bem, apenas podemos saber quão tudo é bom depois de passar por algo ruim!

Ceres, Ceres...


Marcinha Luna
Manhã de inverno 2009

domingo, 9 de agosto de 2009

Asas

Primeira Parte

Noite passada, antes de se deitar, Ceres pensou em escrever algo. Estava com a cabeça repleta de coisas, mas não organizadas. Saiu então na sacada de seu quarto, o luar fazia com que seus cabelos brilhassem, seu rosto era tocado pelo carinhoso vento que passava. Ceres fechou o olho e sentiu-se muitíssimo bem. Lá permaneceu por pouco mais de sete minutos. Foi então que Ceres sentiu que o sono lhe deu um confortável abraço.

Ceres não queria dormir. Sentia que ainda tinha que fazer alguma coisa. O que sentia não conseguia dizer, nem escrever, não conseguia expressar-se, era algo realmente inefável. Mesmo assim, abraçada pelo sono, levemente despiu-se e vestiu-se com a roupa de dormir, que era confortável e azul da cor do mar. Desamarrou os cabelos e os penteou via sua imagem refletida em um espelho arqueado. Passou creme pelo seu leve rosto. Caminhou até a cama, onde Heráclito já havia adormecido, deitou-se ao seu lado, acariciou-o e desejou em pensamento que ele tivesse bons sonhos. Ajeitou o travesseiro, primeiro o maior, depois o menor – Ceres possui dois travesseiros, um deles, o menor, é como se fosse um “ursinho”, ela sempre dorme agarrada com ele, e o procura quando este cai ou perde-se por entre as cobertas durante a noite - deitou-se e levemente fechou os olhos.

De olhos fechados, Ceres via uma clareira. Estava tão claro que Ceres mal conseguia visualizar o que tinha ao redor. Era uma claridade incomensurável a qualquer claridade que possamos falar. Ceres então, pouco a pouco foi abrindo seus olhos negros. Boquiaberta ficou quando ao seu redor conseguiu mirar.

Encontrava-se em meio a uma clareira que parecia estar no meio de uma floresta. Foi andando ao redor, e por dentre os troncos das arvores, alguns finos e outros grossos, nada conseguia ver. Era escuro, assustador. Parecia escutar algo, mas ao redobrar sua atenção, nada mais ouvia.
Aquela claridade já estava incomodando Ceres. A luz era muito brilhante, os olhos de Ceres já estavam cansados de tanta luminosidade. Mas ela não sabia o que fazer, o claro estava lhe incomodando, mas quando pensava no escuro que podia adentrar sentia medo. Não sabia o que fazer. Sentou-se. Levantou-se, mirou ao redor com a mão na testa para tentar ver um pouco mais além. A claridade já estava irritando-a. Andava em círculos, de cabeça baixa pensando no que podia fazer. Nada via além. Nada escutava também.

Quando de repente, sentiu que uma sombra tinha passado sobre sua cabeça. Olhou para cima, mas a luz era muito forte, que suas vistas não podia alcançar a verdade. Percebeu que a sombra girava em sentido contrário ao que ela estava andando. Passou-se alguns momentos e não mais percebeu a sombra. Tentava de todas as maneiras olhar para onde tinha ido aquilo, seja lá o que fosse, mas não conseguia, a luz era forte demais. Cansada então, retornou tristemente a passos estreitos e sem pressa alguma ao centro da clareira. Sua cabeça estava baixa, olhava apenas o chão, que era marrom, cor de terra. Não conseguia mais pensar em nada. Poderia dizer que neste momento ela nem mesmo sabia quem era, ou o que era.

Ao chegar ao centro da clareira, sentiu uma espécie de vento, brisa, algo que acariciou seu rosto, mas não conseguia descrever a sensação. Sentiu-se leve como uma pena e foi ai que olhou horizontalmente e viu no meio exato da clareira, um pássaro.

Tinha as penas azuis, formava um degrade magnífico de todas as tonalidades de azul, algumas delas desconhecida dos saberes de Ceres. Espantada, Ceres, ficou imóvel. Nunca tinha visto algo assim. Um pássaro, azul e de tamanho inigualável a todos os que Ceres já tinha visto. Ele tinha a sua altura. O bico dele era amarelo ouro, o olhar acinzentado. Passava uma energia muito delicada. Ceres com sua sensibilidade a flor da pele, pode sentir leveza no olhar e no jeito delicado do pássaro. O pássaro então se mexeu. Ceres afastou-se, não era medo, talvez receio. Ceres emudecida pode ouvir os pensamentos do pássaro. Ela não compreendia o que estava acontecendo. Eram sensações muito novas. Era como se a voz do pássaro adentrasse em seu corpo, sua mente. Entendia perfeitamente as sensações que o pássaro sentia. Serenamente Ceres se aproximou, no mesmo instante em que o pássaro também mexeu-se em sua direção.

A sensação que Ceres teve foi de leveza. O instante foi ficando um pouco mais claro, mas uma claridade que agora se podia enxergar com mais nitidez, com olhos totalmente abertos e sem a mão a fazer sombra sobre a testa. O pássaro deu um passo em direção a Ceres, enquanto Ceres deu outro em direção ao pássaro. A sensação de encanto estava passando e agora os dois podiam ter uma relação de entendimento mutuo.

Ceres foi convidada pelo pássaro a dar um passeio com ele. Ceres deu um passo para traz. Sacudiu a cabeça, dizendo mentalmente que não. Ela sentiu uma aflição ao entender o convite que o pássaro lhe fez. Mas não resistiu ao segundo convite feito por ele. Ele passava uma serenidade sem igual.

Ceres deu um passo em direção a ele, mas ele já veio mais rápido em direção a Ceres. Como que por mágica, o pássaro abaixou-se rapidamente e Ceres montou em suas costas. A mágica se confirmou quando o pássaro começou a bater as asas, Ceres escutou barulhos de cristais chocando-se uns aos outros, e um pó finíssimo começou a cair do céu, parecia pó de estrelas...e foi quando o pássaro então saiu completamente da chão e começou a sobrevoar a clareira.

O vento batia no rosto de Ceres, que não sentia medo, ela na verdade nem sabe o que sentia, não havia espaço naquele momento para pensar um nome para tal sentir, o que importava naquele momento era puro e exclusivamente o momento, o depois era algo fora daquela realidade fantástica vivenciada. O barulho das asas do pássaro contra o ar era como o som de uma harpa, e Ceres parecia sentir estar valsando no ar.

Foi ai que....

Ceres, Ceres....

Marcinha Luna

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Ceres em: Quando a verdade destrói...

Hoje o sol despontou firme e forte, brilhante e quente onde Ceres mora. Da janela podia ver as sobras no chão. Via o céu azulzinho e limpo. Mas para Ceres é como se tudo estivesse ainda nublado e cinzento. O calor que o sol fazia em seu rosto como uma caricia nem ao menos foi notado, sentia apenas um vento gelado.

Ceres acreditando possuir um amigo de verdade sofreu mais uma decepção. Não a única e talvez não a última de sua vida, afinal ela ainda vive e ninguém sabe o que será do tal futuro.
Ceres está muito triste por que expôs seu sentimento, ela não sabia o quão isso era perigoso, mas para ela sinceridade é a base de tudo e ai tudo deu no que deu, e pior, não foi por falta de aviso....

Agora Ceres está perdida e nada mais têm sentido. Se ficasse calada, ia sofrer da mesma maneira, mas talvez sofresse de forma mais lenta. Mas se assim fosse, ao olhar pelo lado ficaria sempre com pé atrás, iria ser um sofrimento ainda pior e ainda mais lento, desconfiar sempre daqueles que ama.

Agora pelo menos sofre, mas sofre de uma vez , por expressar seu verdadeiro sentimento, mesmo que seja um sentimento não muito bom, o do ciúme talvez, ou ainda, o mais nobre deles, o amor. O fato é que ao expressar-se não foi entendida. E foi que descobriu que dizer a verdade pode não ser o melhor a fazer.

Mas o que se pode fazer, não somos igual, não pensamos igual, não escrevemos igual. E essa falta de igualdade generalizada e não compreendida acaba por destruir com muitas coisas. O fato é que ela descobriu que a verdade destrói.

O que Ceres não acredita é como que por apenas expressar o sentimento da verdade pode acabar com algo que tinha tudo para ser belo e duradouro. O carinho se foi, poesia não é mais...
De fato contradições que somente vivendo para compreender!

Marcinha Luna
Inverno de 2009

sábado, 1 de agosto de 2009

Ceres em: Colheita e Plantio

Hoje é um dia muito especial no calendário de Ceres. Em síntese e Magicamente falando hoje é um dia sagrado. É o dia de Lughnassadh, festival da colheita para os povos Celtas. É a festa do pão, do milho, da colheita de cereais. É momento de agradecimento, momento de reavaliar o que se plantou e o que se colheu. Analisar o porquê algumas sementes não germinaram, e o porquê algumas germinaram, mas pelo caminho, mesmo que crescidas, mortas ficaram.É tempo de avaliar e agradecer as colheitas realizadas. O pão e o vinho que alimentou-nos é o sagrado.


Enfim, hoje Ceres se levantou pela manhã, olhou para o céu nublado, depois fitou a Terra úmida e novas sementes plantou.
Aproveitou ainda a unidade da Terra que suava de alegria e plantou em seu seio a semente do agradecimento em forma de poesia que pela cor da energia, era pura magia, pura alegria...
segue a semente de Ceres:

Hoje me levantei
Oh! Magnífica Mãe Terra
O céu despejava sobre ti gotas
Tão finas e cristalinas de seiva.
Fitei a ti com carinho
O carinho que a olho todos os meus dias
E uma lágrima cristalina dos meus olhos
Pelo meu rosto escorreu.
É a lágrima cristalina de meu agradecimento.

Agradeço a ti, formosa Mãe
Por minhas vitórias
Vitórias estas que me fazem
Hoje viver, estar atenta á agradecer...
Vitórias estas que me fazem
Vencer aos dragões que em meu
Caminho aparece...
Vitórias estas que me fazem
Batalhar por novas alegrias...
Vitórias estas que não
Me deixam abaixar a cabeça
Por coisas quaisquer...
Vitórias estas que me fazem
Vencer com alegria meu dia-a-dia.
Dia-a-dia este que de tempo para cá
São de vitórias e mais vitórias.
Hoje e somente hoje
Consigo meio que lentamente
Enxergar que derrotas também são vitórias.
Enxergar que mesmo nos meus piores momentos
Eu cresço, me forro de flores, e colho tudo o que plantei.
Formosa Deusa da Colheita, a ti ofereço meu pão e vinho.
Pão e vinho estes, que no passado me ajudaste a plantar.
Me ajudaste agora á colher.
Hoje reparto contigo meus frutos colhidos.
Formosa Deusa da Colheita e
Magnífica Mãe Terra
Planto agora as sementes
Da energia e da inspiração.
Energia para vencer as batalhas
E inspiração para deixar transparecer ainda mais
Meus sentimentos através das palavras.
Que minha escrita possa viajar magicamente
Pelo ar, encantando e inspirando a todos
Com uma energia sem igual.
Agradeço a Ti Mãe Terra do fundo
Do meu coração pelas graças alcançadas.
Agradeço a Ti Formosa Deusa da Colheita
Com toda minha energia
Pelas colheitas por mim realizadas!

Ceres
Primeira manhã de Sextilis do dito 2009 d.C

Marcinha Luna
inverno de 2009

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Momento...

Ceres recebeu um e-mail de sua amiga Bruma. E-mail é essas coisas da modernidade, uma especie de carta, mensagem que vem pelos fios, pela energia e não, me pergunte como que não sei explicar, o seguinte texto:

"Essa justiça que vela meu sono, eu a repudio, humilhada por precisar dela. Enquanto isso durmo e falsamente me salvo. Nós, os sonsos essenciais. Para que minha casa funcione, exijo de mim como primeiro dever que eu seja sonsa, que eu não exerça a minha revolta e o meu amor, guardados. Se eu não for sonsa, minha casa estremece. Eu devo ter esquecido que embaixo da casa está o terreno, o chão onde nova casa poderia ser erguida. Enquanto isso dormimos e falsamente nos salvamos.
Tudo isso, sim, pois somos os sonsos essenciais, baluartes de alguma coisa. E sobretudo procurar não entender.
Porque quem entende desorganiza. Há alguma coisa em nós que desorganizaria tudo - uma coisa que entende. Essa coisa que fica muda diante do homem sem o gorro e sem os sapatos, e para tê-los ele roubou e matou; e fica muda diante do S. Jorge de ouro e diamantes. Essa alguma coisa muita séria em mim fica ainda mais séria diante do homem metralhado. Essa alguma coisa é o assassino em mim? Não, é o desespero em nós. Feito doidos, nós o conhecemos, a esse homem morto onde a grama de radium se incendiara. Mas só feito doidos, e não como sonsos, o conhecemos. É como doido que entro pela vida que tantas vezes não tem porta, e como doido compreendo o que é perigoso compreender, e como doido é que sinto o amor profundo,...

O que eu quero é muito mais áspero e mais difícil: quero o terreno."

“Crônica da morte de Mineirinho”, em 1962, de Clarice Lispector.

Ceres, a flor da pele, deixou escorregar em seu rosto uma lagrima, talvez duas, quando o ponto final da mensagem avistou. Pensou Ceres que talvez ela pudesse ter escrito as linhas recebidas. Não que Ceres seja egoísta, mas este é exatemente o sentimento agora de Ceres.

Ceres, Ceres...

Ceres em: O sonho

De fato o astral enganou Ceres. Achava que estava tudo bem. Mas o céu está enganador desde 28/07/2009 até o dia 04/08/2009. Mas nem só o céu e os planetas, as pessoas também.
Ligação de desconfiança é o que Ceres recebeu. Uma e depois outra. Hoje o dia consagrado a Vênus, deusa do amor, apenas fez despertar em Ceres o sentimento de dó. Dó daqueles que pensam enganá-la.

Na noite de Lua, ou seja, segunda feira, Ceres teve um sonho, preocupou-se, procurou saber dos envolvidos no sonho, pensou que algo tivesse acontecido com tais. De fato aconteceu sim, eles estavam juntos e disfarçados no dia consagrado a Marte, ou seja, terça feira. E marte é o Deus da guerra, mas não é isso que Ceres quer. E hoje, somente hoje ficou sabendo o significado de seu sonho. Tinha algo errado. Assim como um sonho anterior, que envolvia um dos mesmos de agora, mas que na verdade o problema que estaria por vir era com Ceres. Assim como agora, o problema é com Ceres, de acreditar em pessoas que não merecem seu crédito. O problema é com Ceres mais uma vez. Ceres se espelha nos outros, os consideram como irmãos, amigos, alma gêmea, por isso seus sonhos são refletidos de forma inversa. Quando sonha com um amigo assim, o sonho se vira para Ceres. O problema agora foi descobrir a traição.

O certo é que mentira tem pernas curtíssimas, assim como a paciência de Ceres. Descobrir através de outras pessoas a falsidade de outras é muito chato, da uma sensação de ser boba. Mas, por isso Ceres é uma “leide”, cordial com todos a sua volta, e não faz seleção dos melhores ou piores. Para Ceres todos são iguais. E principalmente a partir de agora. Todas as pessoas são iguais e ponto.

Engana-se quem pensa que Ceres esta triste por isso, que nada. Sua magia voltou e agora mais que nunca sabe analisar bem seus sonhos e acreditar um pouco mais na magia contida no universo e em si mesma, desconfiando assim das pessoas que contidas em seu universo estão. Ceres se sente agora leve, pois acredita finalmente em sua intuição. As runas e o taro não mentem.

Ceres, Ceres....

Marcinha Luna
Inverno muito frio de 2009

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Ceres em: A MoDeRnIdAdE....

Ceres e Heráclito precisavam comprar um sofá. E já não era sem tempo, o sofá deles tem mais de uma década e está daquele jeito. E também prejudicando a saúde do pequenino Tales. Decidiram também adquirir um rack mais moderno, afinal o deles é muito alto e tornando-se perigoso para o pequenino Tales, que anda subindo em tudo quanto há.

Ceres já estava namorando a tempo um novo sofá e um novo rack. Olhava tudo o que era site da Internet. O rack, ela já tinha mente qual queria, embora este meio estranho, até que é legal. Mas Ceres estava com medo de Heráclito não gostar. Eles não têm o gosto muito parecido. O único fato, que os dois concordavam plenamente era que um novo sofá era necessário e que deveria ser um bem enconta. Não poderia ser um sofá muito bom, por dois motivos bem relevantes: primeiro por que a grana ta curta e segundo por que o pequenino Tales adora brincar com água e todos os seus derivados, resumindo, brincar com tudo. Essa não era um boa hora para um novo sofá, mas a necessidade falava mais alto.

Ceres olhou todos os sites da Internet. Mostrou o rack para Heráclito que não se mostrou contra, achou esquisito claro, disse que parecia uma caixa velha, mas aceitou de bom gosto, pois este, era o mais barato. Heráclito, Heráclito...

Quanto ao sofá também olharam a todos da Internet, mas se decidiram por um também bem enconta. Os dois itens a serem adquiridos foram vistos no site da loja “Alagoas.com”. Ceres manifestou a vontade de adquirir as peças virtualmente, mas Heráclito não aceitou, ele achou um absurdo comprar algo sem ver.

Então no dia seguinte foram a noitinha nas lojas “Alagoas”. Lá chegando olharam, procuraram e nada de ver, nem o tal sofá e muito menos o tal rack estranho, como Heráclito o apelidou. Foi ai que um vendedor muito gente fina os atendeu. Este, o vendedor, também procurou por toda parte pelo sofá e nada. Então ele disse para Ceres e Heráclito que o acompanhasse até a uma outra unidade da loja “Alagoas” que ficava a alguns metros dali. Essa loja é muito comum no mundo onde eles vivem. Não foi encontrado o sofá também nesta unidade. O vendedor disse que até mesmo o mostruário tinha sido vendido, mas que estava disponível no deposito para entrega apenas.

A parte engraçada da história é que Ceres e Heráclito adquiriram o sofá e o rack, nas lojas “Alagoas”, a prestação e sem ver. Parecia que Ceres já estava intuindo, afinal se assim fosse, poderiam ter comprado virtualmente mesmo. Heráclito não gosta muito dessas coisas, para ele é necessário ver, porém, gosta de agir de modo preciso e rápido.

Moral da História: quando a modernidade bate na porta, impossível não abri-la. Se não abrir a porta ela simplesmente vai entrar ou pelo buraco da fechadura ou derrubar a porta.

Heráclito, Heráclito....rsrs

Marcinha Luna
Manhã de inverno 2009

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Ceres em: A angústia

Ceres hoje se levantou pela manhã um tanto diferente como de costume. Ceres sempre que se levanta olha o dia e sempre o acha lindo. Hoje foi desigual dos outros dias. Olhou pela janela e já imaginou um dia péssimo. Nem mesmo o Sol, que nasceu tímido, fez com que ela tivesse animo. Aliás, esta é uma das palavras que tem mais haver com dias atuais de Ceres, falta de animo, de coragem, angústia...

Tales, seu primogênito esta doentinho. Isso esta tirando o sono de Ceres e de Heráclito. Ceres anda com os nervos a flor da pele. Mas Ceres tem se saído muito bem como mãe e como esposa, Heráclito anda muito carinhoso, mas anda com a língua afiada ainda mais. Ceres acha graça. Quanto mais tenso fica Heráclito, mais falante fica. E Heráclito falante é um perigo constante.

O que também anda perturbando o sono de Ceres é a volta á rotina. Ceres já esta colocando os carros na frente dos bois acreditando que as férias já estão chegando ao fim. Calma Ceres, ainda tem a metade.

Ceres não conseguiu ainda cumprir a metade de seus planos. Mas tenho certeza de que conseguirá. Ceres é forte e audaciosa. O que falta é ela entender que as coisas têm um tempo certo para acontecer e ela parece não querer enxergar isso.

O bom dessas férias é que Ceres pode descansar um pouco a cabeça de muitas coisas, dos livros racionais e ler um pouco de fantasia, neste caso, quando lhe sobra um tempinho, ela anda enfiada com a cara na leitura de História sem Fim.

Quem sabe ela não caia em si e saiba que a maioria das histórias não tem um fim!

Ceres, Ceres....

Marcinha Luna

Inverno de 2009

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Um escrito da noite passada

Um escrito da noite passada

Conhecendo Ceres como conheço, já desconfiava que ela tinha escrito algo noite passada. De fato eu não estava errado. Ao mexer em sua caixa, bem por cima de todas as outras cartas, encontrei essa, que estava escrita em papel cor-de-rosa com letras azul-claras e perfumada com essência de maçã. Na verdade não é uma carta, mas sim um poema, senti uma energia doce, qualquer coisa mais que posso ter sentido, eu, eu, eu simplesmente não consigo descrever.


Lua Cheia

Hoje ao entardecer
Já pude como magia
Sentir sua energia.

O Sol se despedindo
de coração partido
eu pude perceber.

Belas tu apareceu
Brilhante e reluzente
Dourada, iluminando todo o Céu.

Estrelas completamente
Ofuscadas por seu brilho
Mesmo felizes por senti-la.

Nuvens, ah! Nuvens
Elas se retiraram para ti
Entrar em cena.

E que cena!
Pena que todos os mortais
Não admiram a arte, a natureza.
Estes simplesmente se esqueceram
Que o ingresso para o espetáculo
É simplesmente o sentimento.

Podres mortais.
Vivem e não se dão conta de onde!
Nem sabem o porque vivem!

Felizes sim aqueles que
Encontraram o ingresso.
Espetáculo inesquecível
Prazer indescritível.

Espetáculo acabado
Luz do Sol, agora brilhando!


Lua Cheia, noite de inverno 2009.

Ceres e sua idolatria pela Lua, pelo Sol, pela natureza...
Ceres,Ceres...

Marcinha Luna
Inverno de 2009.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

As Férias de Ceres

As Férias de Ceres

Talvez já no título eu tenha me equivocado. Na verdade quero falar sobre o início das férias de Ceres. O fato é que ela deveria estar de férias, mas anda pensando mais do que quando não está de férias. A Lua cheia no signo de capricórnio ta influenciando seus “pensares”. E por falar nisso, vocês olharam para a Lua hoje? Continuando....

Ah! Ceres, pára de pensar um pouco! Tá me dando trabalho menina! Devaneia até na morte da bezerra. Pensa nas aulas de espanhol, e quando vai terminar. Se quando terminar vai fazer francês ou inglês. Mas ela pensa que tem que melhorar seu português, ou quem sabe não deixar seu espanhol virar “portunhol”. Penso que ela não sabe de nada.

Conversando com as meninas da confraria, um “grupo” do qual suas amigas da filosofia fizeram final do ano passado, pensa junto com elas o porque não fez faculdade de moda em vez de filosofia. Talvez pudesse ter sido mais excitante. Agora a nova fantasia de Ceres é: comprar uma máquina de costura. Pensa em fazer mil e uma roupas, bijus, tiaras. . Já te conheço Ceres! Pode parar com isso. Isso vai acabar em “fuxico”. Mas quem vai colocar freios nessa menina? Deve ta pra nascer.

Ta mudando tudo de lugar. Heráclito, seu marido, anda com medo de chegar em casa. Tales fica apavorado com a “arrastação” de móveis que a sua mãe anda fazendo. De fato acho que Ceres “maluqueceu” de vez! Eu realmente tinha medo do que a filosofia podia fazer com ela. Ninguém me ouviu.

Ceres não sabe do que pensa. Ainda bem que ainda não pagamos imposto para pensar, Ceres estaria em maus lençóis. Olha a Lua e pensa no Sol. Quando ta Sol pensa na Lua. Quando chove acha legal, gosta de sentir o cheiro, mas se demora a passar a chuva já reclama perguntando do Sol. Se ta calor quer que chove! Ceres, menina, para com isso. Sinto que as vezes ela para,e pensa no que ela deve pensar agora. Coisa de doido isso. Mas eu me divirto com ela. Se não fosse ela eu não seria nada e não tinha nada para dizer, fazer.

Agora não sei se quero que passe logo as férias ou se não. Parece que agora sou eu quem penso! Eu vou é descansar um pouco de Ceres, não quero nem mesmo sentir sua fragrância, estou ficando estonteado! Estou de férias de ti. Mas só um pouquinho.

Ah! Ceres, Ceres!


Marcinha Luna
Segunda
Lua Cheia
noite de inverno de 2009

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Um escrito em papel azul...

Encontrei na caixa de Ceres um papel azul. Nele, escrito com caneta cor de rosa estava os seguintes versos:

Por ti respiro.
Meu meio de comunicar-me contigo
É através do sussurrar do mar,
Através da luz prateada da Lua
Do brilho reluzente das estrelas
No céu sem luar!
Por ti respiro
És meu destino!
Encontrei minha parte faltante
Em você...
Quando o Sol aquece a terra
Me lembro do seu calor!
Quando o vento sacode
As folhas me lembro do meu
Coração a bater quando vejo você!
Quando a chuva molha o chão
Me lembro dos seus beijos molhando meus lábios!
É por você que ainda respiro.
É por você que meu coração
Ainda bate e aquece meu sangue!
É a ti que desejo...
É você que quero ao meu lado eternamente!

Para você!
Ceres

Somente assim estava assinado. Á um certo Você, endereçado.

Marcinha Luna
inverno de 2009

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Una carta en español...

Ceres esta estudando uma outra língua, espanhol. Sábado foi dia de prova e ela recebeu muitos elogios. Seu professor disse a ela que é uma “quase espanhola” tem um perfil e um sotaque muito parecidos com as espanholas. A aula foi muito produtiva e serviu para aumentar um pouco o animo de Ceres que anda um pouco triste. O motivo? Não sei. Talvez nem a própria Ceres saiba. O fato é que sábado terá uma nova prova e agora escrita.

Assim que chegou da aula foi levar o seu primogênito, Tales ao circo. Foi um passeio divertido. Mas Ceres não anda se animando com coisa alguma. E como perdeu o sono mais uma vez resolveu escrever. Encontrou na escrita uma forma de sair do mundo real. Ceres tem dessas e agora piorou por que encontrou outra coisa que não seja apenas “soñar ou devanear”. Resolveu tentar escrever agora em espanhol, ela acredita que esta língua é poética e muito romântica. Olha só o que ela escreveu:

Buenas noches reluciente Luna...
Ahora estoy mucho alicaída. Tal vez esto lo hizo el destino. Estoy enfadada. Después de más de una semana de batalha, sentí qué la batalha final está pérdida. Quero olvidar este período de mi vida.
Luna, me ilumine, ilumine mi camino. Sinto que estoy colgando. Que mi corazón está colgando también. Estoy haciendo muchas cosas… y como casi siempre la felicidad es un maquillaje. Estoy ahora haciendo una lista de cosas a olvidar. Una lista de obsesiones de cosas a olvidar. Mi ayuda a olvidar. Sólo pido a ti: Llena mi camino de con amores, con alegrías y cariño.

Esta foi a carta escrita por Ceres para a Lua, que no Céu sorria discretamente. Pouco depois Ceres dormiu. Algo me faz pensar que Ceres vai ser nova, pois um novo período esta chegando. Eu senti que a carta estava pela metade. Mais parecia um bilhetinho. Mas tinha uma energia forte, energia de mudança, uma energia violeta.

Hoje Ceres se levantou bem cedinho, o céu estava cor de rosa e o vento assobiava lá fora, estava muito frio, bem típico de coisa de inverno. Esta é a estação preferida de Ceres. Então quando pude perceber, Ceres estava de caneta em punho e escrevendo, ainda treinando seu espanhol no mesmo “pedacito” de papel:

Buenos Días Luna, descubrí es tiempo de cambiar. Descubrí, las cosas cambian. El mundo gira todo el tiempo. La noche muere y llega el día. Y ahora quiero cambiar, quiero vivir mí vida, quiero soñar y imaginar cosas bellas. Creyó que estoy ahora cambiando. Estoy muy buen. No voy más dar atención para la angustia e la melancolía.
Gracias a ti, madre Luna, estoy bien. Tú me escuchaste e hoy estoy aquí, afortunado. Tu me iluminaste y hoy estoy aquí bella. Voy arrepentirse solo do que no hice. Descubrí la sonrisa, la fragancia. Y ahora no perderé más la esperanza de nada.
Muchas gracias madre Luna.

Cierro esta con muchos besos a ti. Quiero estar siempre contigo, hablar contigo e no me importa que dice el destino. Estoy siempre aquí, contigo, mi madre Luna.

Ceres en mañana de Luna creciente.

Assim Ceres terminou a carta, ela pensa que ainda há muitos erros de espanhol a corrigir até sábado. Mas eu, penso que Ceres precisa corrigir alguns erros internos e pessoais. Ficar sozinha é a melhor coisa para ela. Pensar no que erra e no que acerta. Se arrepender apenas do que não faz. Ceres precisa ser mais autentica, e deixar de lado toda a sua “inautencidade”. Fazer o que der na telha pode ser uma ótima terapia.

Marcinha Luna
Inverno de 2009

quinta-feira, 18 de junho de 2009

De uma conversa com Ceres e Heráclito...

A noite foi fria. Sem Lua ou estrelas. Apenas uma névoa esbranquiçada cobria a montanha em que vive Ceres, Heráclito e o primogênito Tales.
Ceres teve uma conversa com Heráclito, o que a fez não pregar o olho durante toda a noite. Pensativa ficou até as três horas e quarenta minutos, onde talvez seus olhos tenham se fechado. Mas não chorou.
O que mais chama atenção foi o desenrolar da conversa. Não me lembro do porque esta se iniciou. Mas Heráclito fez um alerta á Ceres, disse que Ceres deve ser mais “reservada”. Heráclito acha que o modo de agir de Ceres prejudica a ela própria. Ceres não sabe se Heráclito esta certo, ou se na verdade Heráclito sente ciúmes de Ceres e quer que ela fique mais quieta, não chamando assim atenção, ficando no anonimato e não tendo que dividir ela com nada (estudos, e feituras de tudo) e nem com ninguém (amigos, colegas). Heráclito também disse que Ceres faz tempestade em copo de água. Tudo isso foi dito numa boa enquanto Heráclito montava “lego” com Tales.
Ceres ficou pensativa e por isso deixou de dormir. Será que realmente faço tempestades em copo de água, ou será que Heráclito tem medo das tempestades? Será que eu realmente faço “burburinhos” por coisas que nada valem? Ceres ficou a pensar sobre estas questões.
De fato como que por intuição, Ceres pode compreender que Heráclito pode estar certo. A surpresa veio logo pela manhã e Ceres agora entende que deve ficar mesmo de boca calada. Não esperar por nada e nem por ninguém. Resolver seus problemas pessoais e sociais sozinha. Ou talvez nem mesmo resolve-los, afinal talvez eles não sejam problemas, mas talvez apenas copos de água pela metade que não merecem ficar vazios.
Enfim agora Ceres acredita que deve ser mais quieta mesmo, já foi alertada por sua professora de português anos atrás – Fica mais quieta minha querida, você fala de mais – e isso ainda no ensino médio.
Talvez Heráclito tenha razão. Talvez Ceres deva ouvir mais e falar menos, talvez por isso tenhamos dois ouvidos e apenas uma boca.
Ceres esta agora fazendo planos para o próximo período, se é que ele vá existir. Ceres talvez deva ser menos “inautentica”para não ficar má vista pelos autênticos.

Marcinha Luna
Outono, vésperas de inverno 2009.

sábado, 13 de junho de 2009

Uma Carta Furiosa...

Encontrei mais uma carta escrita por Ceres. Esta estava ainda sob o travesseiro, ela ainda não tinha colocado-a na caixa.
A carta estava escrita em vermelho, sua letra parecia mais garranchuda do que nunca. Os dizeres eram muito raivosos, parecia que Ceres tinha escrito com muita raiva. Pelo menos era a energia que a carta passava. A carta estava destina a Levinda. Estava assim escrita:

Querida Levinda...

Não somos todos iguais, e agradeço a Zeus por isso. Nunca gostaria de ser um ser assim como você. Você é tão bonita, mas consegue ser horrivelmente feia com suas atitudes. Que coisa feia! Talvez por isso é tão sozinha!
Estou seriamente desconfiada de você. Não tem outra pessoa que possa ter feito isso. Saibas que os Deuses todos sabem que foi você, e por eu ser “inautêntico” não posso te acusar ou partir para cima de você com tudo.
Tenho certeza absoluta do seu feito. Reconheci aquela letra escrita perfeitamente e horizontalmente correta, pensas que consegue se esconder ,reconheço energias minha cara! Que ridícula tu és!
Espero que receba em pensamento esta pequenina carta. Aliás, estou te enviando ela desde o momento de minha descoberta. Gostaria muito de não encontrá-la pelos corredores, não quero ser contaminada por sua leviandade. Penso que você é uma criança má, ardida e sem sal.
Você é tão ruim que me faz sair de meu eixo. Por ti sou interpelada, você é uma coisa, e coisas não possuem nada, você possui apenas ambiente e o pior é que ainda dou “ibope” para que você possa existir! Você só existe por que estou falando de ti, caso contrário , ninguém nem saberia de você. Me parece que a tola aqui sou eu.
Quando novamente for dedicar seus versos “sujos” a alguém, dedique a você mesmo.
Pensando bem acabei de ser arrebatada por um pensamento: aqueles versos são a sua cara!

Um beijo carinhoso para você, aliás, acho que é isso que falta para você. Uma braço especial para você, acho que talvez você nem saiba o que é isso, abraço, mesmo assim abraços para você!

Ceres, madrugada de Terça-feira, outono.

Pois é, as cartas carinhosas mudaram o rumo e esta creio eu que foi um desabafo. Senti que Ceres estava um furação de raiva.

Marcinha Luna
Outono de 2009

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Significativa descoberta...

Hoje Ceres se levantou preguiçosamente na manhã gélida. Lá fora a garoa e a névoa encobriam a serra próxima a sua casa. Olhou pela janela, admirou o tempo, mesmo ruim, Ceres sempre encontra algo de bom quando olha o tempo.

Tirou a camisola e colocou roupas quentes. Abriu uma parte do guarda-roupas do qual ela quase não mexe. Olhei com olhar bisbilhoteiro para saber o que tinha lá dentro. Claro não deu tempo de eu ver o que tinha lá. Mas tirou alguma coisa e escondeu. Em seu Ritual de todos os dias pela manhã, Ceres tomou seu café preto com uma pitada de canela e um pedaço de chocolate meio-amargo, seu preferido. Depois meio pãozinho com margarina e um pedaço de queijo, e repetiu a xícara de café, desta vez sem canela e sem o pedaço de chocolate.
Foi até o seu quartinho de livros e da estante retirou uma caixa que estava coberta de livros “horizontalizados”. Pelo tamanho me parecia ser o que tinha tirado de dentro do guarda-roupa. Era uma caixa de madeira que me parecia um tanto velha. Porém Ceres acariciava a caixa com muito carinho. Eu estava querendo que Ceres abrisse logo para eu ver o que tinha lá dentro.
Quando Ceres levantou a tampa da caixa, uma espécie de luz rosa saiu de seu olhar, essa luz se encontrou com outra do mesmo tom que vinha em direção contraria. Um perfume adocicado tomou conta do ambiente. Uma energia inefável também. Eu me sentia completamente inebriado com a energia que acabara de sentir.
Dentro da caixa haviam muitos papéis, dobrados e coloridos, escritos pela própria Ceres. A letra de Ceres é inesquecível, completamente “garranchuda”. Todos os papéis estavam escritos, haviam desenhos dos quais ainda não tinha conseguido identificar. Ao ver pareciam cartas. Estava ansioso para pegar algum. Todos eles estavam escritos com canetas de cores diferentes. Foi quando o telefone tocou.
Ceres levou um susto, a tampa da caixa se fechou, como que por mágica, sozinha. Ceres foi em direção ao telefone, e atendeu. E para minha surpresa ela não se deu conta que com o bate que a tampa fez e um dos papéis simplesmente voou da caixa antes que a tampa se fechasse por completo. Peguei o papel e comecei a ler, e me parecia uma carta, ou melhor, dizendo, este que peguei mais parecia um bilhete. Deduzi então que ela escrevia cartas, mas nunca as enviava. Um dia descobrirei o porquê. No bilhete, escrito com letras “garranchudas” e com caneta rosa, apareciam “coisas” seguintes:

Meu caro quero que tenhas o melhor dia de sua vida.

Hoje acordei pela manhã e me senti sozinha. Não queria que a noite tivesse se passado, assim continuaria ao meu lado mesmo que em sonho. Você traz um colorido muito especial em minha vida. As flores parecem muito mais alegres quando vejo seu rosto. As borboletas parecem alegrar-se ainda mais quando nos vê juntos. O Sol fica triste quando a Lua se vai, mas quando tem eclipse o céu fica rosado assim como fica minhas bochechas quando recebo um elogio seu. Quero que saibas que meu amor por você é muito grande, um tanto inefável e além de tudo incomensurável.
Agora não quero, mas eu preciso me despedir, em breve nos veremos novamente e novas cores em meu mundo com certeza chegarão. Um beijo carinhoso em seu rosto. Amo-te!

Ceres, em uma manhã doce de primavera.

E Ceres desligou o telefone e eu joguei mais que depressa o bilhete no chão, ela não percebeu a minha descoberta. Descoberta essa muito significativa. Ansioso estou para a leitura de mais um desses papeizinhos com escritos “garranchudos” e coloridos.

Marcinha Luna
Outono de 2009