quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Ceres em: Rotina...

Hoje Ceres acordou cedo. Lá fora o ar lilás, tão costumeiro para Ceres, se encontrava ainda úmido. Desde ontem chovia.

Ceres se levantou, pensou por momentos em silêncio, embora muitas vezes, ela pensa em voz alta. Ao olhar a sua volta se sentiu só, sentiu o arrepio da solidão, uma angústia indizível. Mas, ainda sim, ouvia ruídos que vinham de algum lugar: o coração. Ela sentia que o ruído era tão forte, mais tão forte, que imaginou que talvez os vizinhos pudessem ouvir. - Não Ceres, eles não podem!

Ela não podia silenciar o seu coração. - Isso é a morte! E disso ela sabe muito bem, mesmo muitas vezes fingindo não saber. Ceres acredita que o tempo corre, mas penso eu que ela é quem anda devagar demais. Ela acredita que as coisas são difíceis, mas penso eu que ela é quem complica.

Ontem, Ceres acha foi um dia cruelmente ruim. Muitas tarefas novas. Eram só umas duas ou três, mas Ceres é um ser extremamente exagerado. Andou dizendo ao ar e á terra que se houvessem dias piores na vida, aquele com certeza seria um dos que estariam na lista. - Ceres, não existe essa lista!

Guiou perfeitamente em pistas lisas. Conseguiu fazer seus afazeres caseiros. Foi ao dentista e ouviu sem muito pavor o “motorzinho” que causa arrepios. Conseguiu chegar a tempo a seu compromisso noturno. Embora não estivesse “arrumada” e perfumada como sempre e todos os dias, se sentiu bem. - Ceres, beleza exterior não é nada!

O dia “cruelmente ruim” terminou, Ceres cumpriu com perfeição seus afazeres e a chuva ainda caía, Ceres já estava abraçada ao travesseiro a dormir.

Hoje é mais um dia, que começa...e que vai terminar, e um outro começar!

Marcinha Luna
Primavera Chuvosa de 2009

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Um poema Escrito por Ceres...

Em meio ao cheiro adocicado do kiwi e escrito na cor verde, completando cenário de sentires indizíveis, o ar lilás... Sem titulo econtrei este poema, endereçado a Dionísio.

Ah! eu não me lembro de dias tão felizes!
e nem ao menos dos alegres por demais!
o mundo está ficando pequeno e difícil.
Parece que estou compreendendo que o mundo
é parte de mim ou em mim por inteiro!
Vivo confusa e é cada dia mais difícil
dividir com os que julgo iguais a mim tal confusão.
Sei que sou um pouco deficiente em escrever,
e pior ainda, não consigo me fazer ser entendida,
mas a linguagem escrita não diz, não diz nada.
Ah! os dias estão virando noite!
e as noites é como se não houvesse nunca o
brilho da Lua, é como se o calor do Sol
estivesse presente na noite, escura!
É confuso, é estranho e um tanto complicado!
mas assim me sinto e assim sinto que também
És Tu, doce poeta, companheiro tão próximo de
sentires a distância!
Amo-te

De Mim,Ceres, a ti, Dionísio...

Manhã Primaveril do tempo comum de 2009

Marcinha Luna
primavera de 2009

sábado, 17 de outubro de 2009

Ceres em: Quando muito se fala...

Pois é. Como eu já disse acima, assim foi o escrito de Ceres por mim encontrado. Ao que tudo indica se trata de um escrito recente, não inventivo, real. O escrito cheirava amargo, e tinha um leve toque de lilás, assim como o ar que Ceres respira:

Quando muito se fala... castigados somos. Esse é um dos castigos que mais pago. Talvez mal pagos por isso uma nova punição logo a seguir. Punida sim, e por muito falar.

Confio muito em todos que estão a minha volta. Como sou Boba! Declaro poemas ao mar, conto meus segredos a Lua. Para a Terra planto sementes de amor, deles não recebo respostas, mas sinto que estão torcendo por mim.

Quanto ao ar não posso dizer o mesmo. Quando solto no ar o verbo, sinto como se ele me virasse as costas. Esse ar é aqueles que a minha volta estão. Falsos Lilases. Sem sentires. Com respiração pouca. A minha do contrário, lilás com toques de rosa, respiração rápida. Sinto Confiança. Pobre de mim!

Tentarei a partir de agora não ser mais castigada. Ficarei admirando de dentro de minha bola de vidro lilás rosada os fazeres do outro. Responderei quando perguntarem a mim, mas não direi nada, nada a mais do que a resposta que o outro pretende ouvir.

Cansei de não fazer o que dizem que faço e agora, prometo que farei. Enjoados de mim ficarão. Nada mais me perguntarão e assim não precisarei dizer a eles nada além do nada, nem mesmo minhas lamentações.

Ceres, primavera em que só chove do tempo considerado comum (não sei comum á quem) de 2009.

Sem nada mais a declarar, parece que Ceres encerou este escrito, e quem sabe a série de castigos.

Marcinha Luna
Primavera de 2009

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Um escrito de Ceres

Encontrei este escrito de Ceres, estava em algum lugar. Tinha um cheiro cítrico onde o ar encontrava-se alaranjado. Não direi nada mais após o final do texto. Prefiro calar-me.

Hoje...

Lá fora faz mais um dia frio. O céu sem cor, parece não ter vida, parece não ter cheiro. Me sinto agora cítrica, azeda. Os passarinhos até cantam, mas não me emocionam, e então para longe, simplesmente voam. As flores ainda encontram-se em botões. Talvez sequem antes de externar suas cores.

Sem graça. Assim vejo a tudo. Ou nada vejo. Me sinto confusa. Meu coração inchado parece não respirar. Apenas bate.

Quase tudo o que pego, escapa de minhas mãos. O que não escapa, fica sem vida e sem cor depois de elogios concedidos por mim a ela. Nada mais é como antes. Todos parecem não ser o que antes eram. Nem mesmo eu sei se sou o que era antes.

Minha vida, repleta de alegrias, em instantes fica sem graça. Culpa dos outros? Minha culpa? Talvez! Vejo os outros, todos os outros como meus parceiros. Tola! É o que sou! Apenas são os outros. Espero demais. Recebo de menos, muito menos.

Assim vou seguindo forte, fraca. Intercalando na vida, alegrias e tristezas, angústia e incertezas. Procurando o não encontrado. Encontrando o não procurado. É, nada é como eu penso que é. Me sinto agora fraca, sem combustível para levar adiante esta vida. Espero outra? Eu não sei, aliás, eu nada sei. Raios! Trovões!

Qual será o sentido de viver? Incomoda-me a pergunta. Me espanto, mas logo não tem graça. Quem tem graça para mim, não merece meu espanto. Descubro com o passar dos segundos o quão estranho é minha relação com o que se diz tão próximo.

Não o quero mais. Não quero também que saiba que penso isso de ti. Que penso isso de mim. Mas aos poucos percebi que não escapou por entre minhas mãos. Apenas perdeu sua cor, sua magia.

Lá fora faz mais um dia frio. O céu sem cor, parece não ter vida, parece não ter cheiro...

Ceres, dia nublado, primavera sem cor de 2009, de uma era que dizem comum. Á quem? Não sei. Não temos nada mais de comum.

Marcinha Luna
Primavera de 2009

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Humanos são Humanos: por Ceres

Era noite de Lua Cheia em touro quando encontrei, em meio aos lençóis perfumados e desarrumados, mais uma carta escrita por Ceres, parecia ser uma carta resposta. Desta vez esta tinha o destinatário, era Bruma, eu não conheço tal ser.

A carta tinha uma energia maravilhosa, parecia ter sido escrita com um carinho inefável, num papel dourado, a escrita era um pouco rebuscada e a tinta azul brilhante. Hoje acostumado aos modos de aqui, eu diria que a música de fundo seria Sutilmente, de tal grupo musical chamado “Skank”. O cheiro presente no ar era de jabuticaba, e sua cor era lilás.

Amada Bruma

Queria muito entender o amor dos Humanos. Estou perdida aqui por que por um deles me apaixonei. Não consigo mais saber cadê uma de minhas partes, o coração.

Fiquei muito feliz por que encontrei aqui, neste lugar, alguém como eu, você! Talvez juntas, possamos entender o que são estes Humanos que são desumanos e pouco amorosos mesmo tento muito amor para compartilhar.

Eu até considero que recebo um pouco deste amor Humano, mas como eu queria desfrutar dele não posso, estou impedida, me sinto castrada. Eu não queria abandonar nada do que aqui consegui, mas queria poder me aproximar um pouco mais de alguém, mas tal “ética moral” domina os que aqui vivem e se dizem livre.

Ah! Bruma! Amada quase Eu! O que vamos fazer para nos soltar? Será que vamos poder soltar quem amamos? E por Zeus, será que conseguiremos nos libertar? Quero voltar, não quero ficar aqui. O problema é que o amor que sinto por estes Humanos desumanos é muito grande e aqui me prende. E por mais que eu não queira, este amor esta me fazendo mau, e então sucumbo! E aqui eu continuo a “viver”, querendo o que não posso ter, alimentando amores impossíveis, desejando o bem e não sendo desejada...

Ah! Bruma, minha confidente, quase Eu! Eu ficaria escrevendo para ti por séculos, mas até mesmo papel, neste mundo, esta se esgotando, assim como parece acontecer com o amor. Nossa telepatia não funciona mais, muitas interferências estão presentes entre o Eu e Você. Mas vamos tentando levar até onde der. Espero que não seja por muito tempo, posso não resistir a duas coisas: me entregarei a estes Humanos desumanos, esquecerei que aqui onde eles vivem existe uma “ética moral”, e serei, assim como se faziam antes, queimada viva em alguma fogueira; ou então continuarei aqui, refletindo o que os Humanos querem, sendo parte pequena um padrão da vida que eles criaram, fazendo valer a “ética moral” deles, e então aos poucos esquecerei minha essência, e irá aos poucos e delicadamente aos olhos Humanos, desaparecendo, enquanto que para mim, isso será meu fim eterno.

Termino deixando para você um beijo demarcado energeticamente, sinta-o quando terminar de ler!
Cuidado todo e sempre ao sair!

Ceres

E assim termina a carta...sem mais o que dizer, me vou.

Marcinha Luna
Primavera de 2009