quinta-feira, 6 de maio de 2010

Uma carta...

Fazia tempo que nada conseguia, mas hoje á tarde consegui esse escrito:


Oi meu Caro...

Há muito nada lhe escrevo. Não é falta de coragem, é que realmente não estou tendo algo sólido para dizer, escrever. Penso que tudo anda complicado demais, e isso inclui meu ser.

Gostaria de dizer á você apenas coisas boas, porém as coisas que ando tendo vontade de escrever, julgo não ser como eu queria que fossem.
Fico o tempo todo alternando entre a sanidade e a loucura, entre o amor e o não-amor, vontade e não-vontade, mas agora tem um desses estágios que andam me atormentando mais que os outros, emoção ou razão?
Estou completamente espantada! E não sei se quando relatar todo esse espanto vais ainda querer-me ao teu lado. É por isso que demoro a escrever-lhe. Além disso, não sei se você esta apto a me ouvir, ou se ainda quer ouvir-me.
Não estou louca, mas ela, a Filosofia tem me deixado um pouco desorientada, ou orientada demais, ainda não identifiquei o que acontece tamanho o meu espanto por tantas coisas.
Sabe, ao mesmo tempo em que tenho amado a todos tenho, também tenho odiado as atitudes e os comportamentos, simultaneamente penso não ter o direito de julga-las pois sempre afirmo não ter interesse, me relaciono por que assim é a vida, mas ao mesmo tempo penso que possuo interesse nelas, nem que seja a reciprocidade.
Quero que me desculpe por minhas atitudes (im) pensadas. Mas, quando as tomei estava dominada pela emoção e é por isso que lhe digo que estou completamente (des) orientada pela emoção, horas pela razão.
Não sei lhe dizer qual delas esta ao meu lado neste exato momento. Se a senhora Vermelha ou senhora Branca, sei que sinto presenças.
Preciso me despedir.
Nada quero de ti e tudo de ti espero.
Amo-te. Odeio-lhe.
Ceres

Terminada a carta, Ceres a endereçou, mas carregou consigo o envelope, vermelho, deixando apenas ao meu alcance o conteúdo que estava escrito em vermelho num papel docemente perfumado branco. Escrito esse que ao mesmo tempo em que parecia leve, estava pesado.
O ar estava cheirando a rosa vermelha e parecia não ter cor alguma...

Márcia Alcântara
Tarde iluminada de outono 2010.