segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Bilhete...

Hoje Ceres resolveu escrever, parecia estar afobada e ao mesmo tempo tranqüila. No consegui identificar nela seu verdadeiro sentir, é como se sentisse a tudo e não sentisse nada. É como magia que não existe. Mas como desatenta que é, consegui pegar, sem que ela notasse minha presença, um bilhete escrito, prestes a ser colocado em um envelope branco, as cores das letras eram azuis e o perfume era cítrico-doce, lembrava ser de jabuticaba. O remetente, como sempre, ela escreve com uma caneta mágica, impedindo meus olhos de ver, parece que o remetente de suas cartas é mais importante que seus escritos. Mas por hora, aprecio e agradeço por conseguir ler suas palavras doces, amargas...salgadas talvez.


Um dizer para você.

Nunca senti o que agora sinto. Talvez eu nem saiba o que é realmente isso. Tento saber, mas desisti por momentos tentar dar sentido a tudo. Agora estou preferindo sentir o que não tem sentindo. Saborear o que não tem gosto. Nesse mundo e nessa vida, essa que estou agora e que talvez não seja a sua, estou completamente sóbria e perdida. Sóbria por que sei onde estou e perdida propositalmente, pois não quero encontrar-me. É um perigo encontrar-me, pois corro o risco de estar encontrando, também, a ti. Por hora assumi a posição de sair e me esconder. Julguei ser melhor assim, mas é fato que não sei julgar nada. Não sei julgar nem qual o melhor momento para voltar do mundo que criei e chegar até a verdade, se é que exista alguma. Talvez a verdade seja aquela que eu queira, mas por hora não estou a querer nada.
Ceres
Tarde quente com pingos de chuva – primavera 2010.


Márcia Alcântara
primavera 2010

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