terça-feira, 13 de outubro de 2009

Um escrito de Ceres

Encontrei este escrito de Ceres, estava em algum lugar. Tinha um cheiro cítrico onde o ar encontrava-se alaranjado. Não direi nada mais após o final do texto. Prefiro calar-me.

Hoje...

Lá fora faz mais um dia frio. O céu sem cor, parece não ter vida, parece não ter cheiro. Me sinto agora cítrica, azeda. Os passarinhos até cantam, mas não me emocionam, e então para longe, simplesmente voam. As flores ainda encontram-se em botões. Talvez sequem antes de externar suas cores.

Sem graça. Assim vejo a tudo. Ou nada vejo. Me sinto confusa. Meu coração inchado parece não respirar. Apenas bate.

Quase tudo o que pego, escapa de minhas mãos. O que não escapa, fica sem vida e sem cor depois de elogios concedidos por mim a ela. Nada mais é como antes. Todos parecem não ser o que antes eram. Nem mesmo eu sei se sou o que era antes.

Minha vida, repleta de alegrias, em instantes fica sem graça. Culpa dos outros? Minha culpa? Talvez! Vejo os outros, todos os outros como meus parceiros. Tola! É o que sou! Apenas são os outros. Espero demais. Recebo de menos, muito menos.

Assim vou seguindo forte, fraca. Intercalando na vida, alegrias e tristezas, angústia e incertezas. Procurando o não encontrado. Encontrando o não procurado. É, nada é como eu penso que é. Me sinto agora fraca, sem combustível para levar adiante esta vida. Espero outra? Eu não sei, aliás, eu nada sei. Raios! Trovões!

Qual será o sentido de viver? Incomoda-me a pergunta. Me espanto, mas logo não tem graça. Quem tem graça para mim, não merece meu espanto. Descubro com o passar dos segundos o quão estranho é minha relação com o que se diz tão próximo.

Não o quero mais. Não quero também que saiba que penso isso de ti. Que penso isso de mim. Mas aos poucos percebi que não escapou por entre minhas mãos. Apenas perdeu sua cor, sua magia.

Lá fora faz mais um dia frio. O céu sem cor, parece não ter vida, parece não ter cheiro...

Ceres, dia nublado, primavera sem cor de 2009, de uma era que dizem comum. Á quem? Não sei. Não temos nada mais de comum.

Marcinha Luna
Primavera de 2009

Nenhum comentário:

Postar um comentário