quarta-feira, 10 de junho de 2009

O início de minha História com Ceres

Terceira Parte

Mostrando-me as árvores, ela comentou que em seu mundo o silencio era algo primordial e achou muito estranho que no mundo azul houvesse tanto barulho. Para ela azul era sinônimo de calma. Mas não era o que ela estava sentindo. Continuei vagando e ela me seguindo, me sentindo.

Ao chegarmos a um parque, um lugar que eu gostava muito de ficar, ela apreciou a beleza da natureza. Era uma energia pura que saia de seu olhar quando mirava todas as coisas. Olhava com muita atenção as arvores, parecia sentir no ar um perfume especial que só ela sentia, talvez fosse, ou existia mesmo um perfume no ar.

O sol aquecia as folhas verdes e as flores das mais diversas plantas. O orvalho escorria, e ela achou que talvez as plantas estivessem tristes e chorando, mesmo sendo tão belas e coloridas. Comentei com ela o pouco que eu sabia - eu não gosto de saber muito das coisas - mas tinha consciência de que podia ser mesmo uma lagrima de tristeza. Eu disse á Ceres, que os seres que possuímos aqui não têm sentimento, ou que talvez até tenham, mas não demonstram possuí-lo. Todos vivem em mundo belo e azul, mas não têm a mínima noção do quanto ele vale. Talvez eu estivesse falando de mim mesmo.
Alias ninguém dá valor a ninguém e muitos sofrem neste meio. Nesse momento eu imaginei: "Que pobre menina, que raios veio fazer aqui?!"

Mas no mesmo momento também me lembrei que ela me via em minha essência, e ela simplesmente me respondeu tão rápido - como eu tinha imaginado - que ela tinha vindo aqui atraída pela luz azul: “A luz azul me atraiu até aqui".

Não posso mais pensar como pensava antes, tem alguém que agora pode me ouvir, de certa forma. Estou sentindo que isso é bom, poder me comunicar e expressar também meus sentires é uma nova experiência para mim. Ela me disse que para ela era novo também. Fiquei quieto por um instante. Ela se sentou no gramado verdinho do parque. Nossa, que sensação de esperança me deu! Parecia que eu tinha encontrado alguém para mim, e ela disse que eu tinha mesmo.

Ceres, que nome lindo. Reticências

Marcinha Luna
outono de 2009

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