sexta-feira, 12 de junho de 2009

Significativa descoberta...

Hoje Ceres se levantou preguiçosamente na manhã gélida. Lá fora a garoa e a névoa encobriam a serra próxima a sua casa. Olhou pela janela, admirou o tempo, mesmo ruim, Ceres sempre encontra algo de bom quando olha o tempo.

Tirou a camisola e colocou roupas quentes. Abriu uma parte do guarda-roupas do qual ela quase não mexe. Olhei com olhar bisbilhoteiro para saber o que tinha lá dentro. Claro não deu tempo de eu ver o que tinha lá. Mas tirou alguma coisa e escondeu. Em seu Ritual de todos os dias pela manhã, Ceres tomou seu café preto com uma pitada de canela e um pedaço de chocolate meio-amargo, seu preferido. Depois meio pãozinho com margarina e um pedaço de queijo, e repetiu a xícara de café, desta vez sem canela e sem o pedaço de chocolate.
Foi até o seu quartinho de livros e da estante retirou uma caixa que estava coberta de livros “horizontalizados”. Pelo tamanho me parecia ser o que tinha tirado de dentro do guarda-roupa. Era uma caixa de madeira que me parecia um tanto velha. Porém Ceres acariciava a caixa com muito carinho. Eu estava querendo que Ceres abrisse logo para eu ver o que tinha lá dentro.
Quando Ceres levantou a tampa da caixa, uma espécie de luz rosa saiu de seu olhar, essa luz se encontrou com outra do mesmo tom que vinha em direção contraria. Um perfume adocicado tomou conta do ambiente. Uma energia inefável também. Eu me sentia completamente inebriado com a energia que acabara de sentir.
Dentro da caixa haviam muitos papéis, dobrados e coloridos, escritos pela própria Ceres. A letra de Ceres é inesquecível, completamente “garranchuda”. Todos os papéis estavam escritos, haviam desenhos dos quais ainda não tinha conseguido identificar. Ao ver pareciam cartas. Estava ansioso para pegar algum. Todos eles estavam escritos com canetas de cores diferentes. Foi quando o telefone tocou.
Ceres levou um susto, a tampa da caixa se fechou, como que por mágica, sozinha. Ceres foi em direção ao telefone, e atendeu. E para minha surpresa ela não se deu conta que com o bate que a tampa fez e um dos papéis simplesmente voou da caixa antes que a tampa se fechasse por completo. Peguei o papel e comecei a ler, e me parecia uma carta, ou melhor, dizendo, este que peguei mais parecia um bilhete. Deduzi então que ela escrevia cartas, mas nunca as enviava. Um dia descobrirei o porquê. No bilhete, escrito com letras “garranchudas” e com caneta rosa, apareciam “coisas” seguintes:

Meu caro quero que tenhas o melhor dia de sua vida.

Hoje acordei pela manhã e me senti sozinha. Não queria que a noite tivesse se passado, assim continuaria ao meu lado mesmo que em sonho. Você traz um colorido muito especial em minha vida. As flores parecem muito mais alegres quando vejo seu rosto. As borboletas parecem alegrar-se ainda mais quando nos vê juntos. O Sol fica triste quando a Lua se vai, mas quando tem eclipse o céu fica rosado assim como fica minhas bochechas quando recebo um elogio seu. Quero que saibas que meu amor por você é muito grande, um tanto inefável e além de tudo incomensurável.
Agora não quero, mas eu preciso me despedir, em breve nos veremos novamente e novas cores em meu mundo com certeza chegarão. Um beijo carinhoso em seu rosto. Amo-te!

Ceres, em uma manhã doce de primavera.

E Ceres desligou o telefone e eu joguei mais que depressa o bilhete no chão, ela não percebeu a minha descoberta. Descoberta essa muito significativa. Ansioso estou para a leitura de mais um desses papeizinhos com escritos “garranchudos” e coloridos.

Marcinha Luna
Outono de 2009

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