quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Ceres em: Madrugada

Agora é madrugada e vejo Ceres a zanzar pela casa. Virou rotina sua perda de sono. Sonho então nem preciso falar. Faz tempo que não tem nenhum daqueles reveladores. Talvez isso seja bom.

Quando Ceres fica aflita com algo, seja o algo qualquer, até mesmo a morte da formiga no quintal, pronto, nada de dormir. Creio que agora é algo bem mais grave,mas ceres pensa em códigos, esta ficando cada dia mais difícil eu entende-la. Mas me parace que agora é algo como desejos, vontades antes não tidas.

Desde hoje a tarde ela já não estava muito bem, sua cabeça doía até quando colocava os pés no chão. E agora, na madrugada, ainda com a maldita dor, ou talvez nem tão maldita assim, ela se colocou a escrever em lilás, tristemente algumas palavras sem ouvir som algum:

Cara Lua bela no céu a brilhar,

Desde que me entendo como ser não-comum, aprecio a sua beleza inefável todas as noites. Mesmo quando não estas a brilhar, tão bela como quase todas as noites, a sinto.
De alguns tempos para cá, me vejo mais cúmplice tua do que antes, muito antes. Sabes de toda minha vida, em detalhes. Sabes de todas minhas vontades que ainda tenho em mente desfrutar. Um perigo, saudosa Lua.
Querias te fazer mais um pedido, além de todos aqueles que deposito aos pés da grande árvore, ajude-me com clareza a realizar meus desejos e vontades. Que estas sejam realizadas com muita doçura e inteligência para que eu não me magoe e não magoe o não-eu. Quero que ilumines a minha mente e auxilie meus pensamentos durante o sono.
Grande Saudosa Mãe Lua, não me desampare e não me deixes acreditar em ti só em momentos como este, onde se cai agora sobre mim um profundo desespero da alma.

Ceres

E claro depois destas linhas escritas, Ceres queimou o papel e lentamente viu a fumaça do seu pedido subir rápidos aos céus. Queimava um incenso de pêssego e uma vela rosa. Tudo isso afim deu que fosse ouvida, sentida, subsumida, pela energia da grande Lua. Mas dormir foi realmente algo que não conseguiu fazer, o incenso queimou, a vela derreteu e a fumaça sumiu no azul-prateado do ar lilás sem barulho algum...

Ceres, Ceres...

Marcinha Luna
Inverno de 2009

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