quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Ceres em: pensamentos nas curvas do mar

Ceres andava triste. Não esperava mais nada de nada. Ao cair da tarde de um sábado agitado, Ceres recebeu um convite. Alegrou-se um pouco. Quando a Lua brilhou, ela sorriu. Esperava pelo amanhecer do dia. Mas não tinha tanta empolgação, mesmo sabendo que ia visitar o mar, passeio preferido de Ceres.

O primeiro da semana dia nasceu. Lindo. Céu azul. Ceres já sentia o cheiro perfeito do ar lilás. Vestiu-se, pentiou-se, enfeitou-se. Pelos caminhos tortuosos que levavam a imensidão do mar, o verde das matas lhe dava esperança. Lá de cima podia entender o quão tamanho e tempo, não dizem nada.

O mar, tão imenso, lá de cima se mostrava pequenino. O mar, que na imagem estava longe, estava, na verdade, a poucos minutos. Que mundo complicado, onde imagem é tudo e ao mesmo tempo nada! Vivenciando as curvas, Ceres imaginava as curvas tortuosas de seus pensamentos.

Dúvidas, medos, paixões... A vida segue a diante completamente bagunçada. E cada curva, algo novo, que desordena ainda mais os pensamentos. Ceres está confusa... O carro segue, curvas perfeitas, ar fresco em seu interior, a rádio começa a dar a entender que esta distante demais, seu som não é mais suave. Um CD começa a girar, Ceres gira junto, seus ouvidos tampam, destampam. Os vidros do carro disfarçam a beleza do Sol. E os pensamentos de Ceres não são guiados com tanta habilidade...

No mar chegou. O azul do céu era algo espetacular. A imagem do céu encontrando-se com o mar parecia uma pintura. A areia era quente, limpa e fina. Licença para apreciar tanta beleza, Ceres foi pedir. Na divisa entre a areia e o mar, Ceres acariciou a água que chegava delicadamente, acariciando seus pés. Era uma troca mútua de amor e cumplicidade. Estranho ver o que acontece com humanos e natureza. Essa troca de carinho poderia acontecer também entre humanos. Mas Ceres pensa que isso não acontece. Quando acontece Ceres pensa ser paixão, doçura, fraternidade, calor humano, cumplicidade... E com o passar do tempo... Tudo se mostra desmoralizado, ou quem sabe, desconstruido, por que Ceres ainda pretende morar no mesmo lugar, quer continuar a morar onde haja paixão, doçura, fraternidade, calor humano, cumplicidade. E então, continuar, continuar...

Ceres, Ceres...

Marcinha Luna
Primavera Chuvosa de 2009

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