terça-feira, 25 de agosto de 2009

Ceres em: Grave devaeio

Ceres ao ver a chuva derramar do céu pela manhã, logo devaneou. Esse devaneo mais me parecia loucura. Segue ai o escrito de Ceres, escrito com “stilo” negro, a energia eu diria cinza, quanto ao som eu não saberia dizer.

Meu Caro...

Agora chove lá fora. O céu acinzentado esconde o azul ultramarino. Nem mesmo o dourado agora consigo imaginar. Mas deixa. Este não é meu objetivo de agora.

Agora eu queria apenas acariciar seu rosto. Não queria mais, estou a fazer.
Tenho vontade de me entregar em teus braços, sei que conseguiria fazer com que eu voasse. Não precisa, deixa que eu faço sozinha, nada que ao tomar algumas gotas de vinho puro, eu não consiga. Vou rir muito é claro, ficarei eufórica e vermelha, mas é meu jeito.

Talvez você seja apenas uma ilusão. Gostaria que me dissesse palavras doces. Ah! Queria tanto ouvir seu sussurrar docemente junto a minha pele. Ah! Deixa isso. Vou saborear vagarosamente um pedaço de chocolate meio amargo.

Queria tanto sua companhia por todo o sempre. “Impossível”, essa é a palavra que ouço você dizer largamente. Eu não penso assim. Nada me é impossível.

Peço lhe um favor. Se é que pode ao menos isso fazer. Se afaste de mim antes que seja tarde. Antes que eu não mais imagine que posso acariciar seu rosto, mesmo sem sua presença. Por favor, não diga nada verbalmente, os outros podem ouvir. Me diga o que tem a dizer apenas sutilmente, magicamente. Não quero me magoar frente aos outros, afinal infelizmente eles estão ai a zanzar. Por favor, ultimo pedido meu, não me acompanhe mais, para onde vou, não preciso de você. As flores me seguiram, a cor azul ultramarino e o dourado estaram enfeitando minha ida.

Ida longínqua. Onde não quero nada, ninguém, nem você junto a mim. Quero estar só, desfrutando de mim. Quem sabe assim perceberas aqui, onde nada tem brilho, o que deixou escapar como areia por dentre os dedos.

Ceres


Terminou a escrita e continuou a olhar pela janela. Continuava a chover e o frio era estático.

Ceres, Ceres...

Marcinha Luna
Inverno de 2009

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